Hospital das Clínicas da USP quer ampliar parcerias com startups
13 de novembro de 2018Claudia Izique | Pesquisa para Inovação – O Instituto Central, a maior unidade em número de especialidades médicas e cirúrgicas do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), inaugurou um Centro de Inovação Tecnológica (Citic) com o objetivo de prospectar soluções inovadoras na área de saúde a serem desenvolvidas por startups, as chamadas health techs.
“Como instituição pública, estamos autorizados pela legislação a transferir e licenciar tecnologia, fazer acordos de parceria, compartilhar laboratórios, entre outros”, afirmou Giovanni Cerri, presidente do Conselho de Inovação do HC.
A “lista” de tecnologias de interesse é grande e envolve tecnologias digitais, da automação à genômica, passando por inteligência artificial, aprendizado de máquina, telemedicina, biotecnologia, entre outras.
O Citic é um braço do Inova HC, escritório de transferência de tecnologia ao setor produtivo, que oferece suporte a atividades relacionadas à gestão de propriedade intelectual e ao empreendedorismo de base tecnológica, ao qual também estão vinculados os centros de inovação dos institutos do Coração (InovaIncor) e de Radiologia (InRad).
“Já temos pesquisas clínicas em caráter translacional nas áreas de marcadores de doenças, monitoramento de respostas terapêuticas, acurácia diagnóstica, entre outros projetos suportados por laboratórios, bancos de dados e uma forte infraestrutura de pesquisa”, elenca Cerri.
O Citic passará agora a articular iniciativas inovadoras implementadas em parceria no âmbito do Instituto Central. Maria José Carmona, presidente do Citic, cita quatro soluções já desenvolvidas por pesquisadores do Instituto – como, por exemplo, uma nova técnica de cranioplastia, de baixo custo – ou em parceria com startups. Duas das startups parceiras têm o apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE): a MaChiron Desenvolvimento de Sistemas e a Timpel.
Pré-diagnóstico baseado em algoritmo
A MaChiron está desenvolvendo um software para a realização de um pré-diagnóstico de tomografia computadorizada de abdômen que classificará os exames de acordo com o risco de hepatopatias, especialmente o câncer de fígado. “ Estamos utilizando aprendizagem de máquina e redes neurais para agilizar o processo de laudo de exames a serem realizados por radiologistas e reduzir a fila de espera de pacientes que aguardam resultados”, diz Luiz Gustavo Rocha Vianna, sócio da empresa.
A “encomenda” partiu do setor de Hepatologia do HC, que quer priorizar a análise de tomografias de pacientes com suspeita de carcinoma no fígado entre os laudos de exames de pacientes sem esse risco. “O algoritmo agilizará o processo de laudo de exames, indicando quais pacientes possuem nódulos suspeitos para câncer, para que estes exames sejam avaliados prioritariamente no fluxo do trabalho de radiologia do hospital”, explica Vianna.
A parceria do Instituto com a MaChiron inclui o acesso ao banco de imagens do HC e aos resultados de exames já laudados, de forma a permitir a extração de medidas de interesse do projeto. Essas medidas serão obtidas por meio de segmentação automática de órgãos, identificação de lesões, identificação de textura de região de interesse, entre outros, para apontar lesões suspeitas.
Para desenvolver o projeto, Vianna, formado em Ciência da Computação pela USP, e seus sócios – um estatístico e uma pesquisadora do HC – decidiram, no início do ano, constituir a empresa e solicitar o apoio do PIPE da FAPESP para testar a viabilidade de respostas de um algoritmo por eles desenvolvido, utilizando, para tanto, bancos de dados internacionais. Vianna conta que os resultados já se mostraram “positivos” e a empresa se prepara para buscar informações no banco de dados do HC.
Além do apoio do PIPE, a empresa também participou do PIPE Empreendedor, um treinamento oferecido pela FAPESP a empresas apoiadas que lhes permite avaliar seus planos de negócios ante as demandas do mercado. Visitaram vários outros hospitais que têm demanda pela mesma tecnologia e ampliaram a lista de potenciais clientes para futuros negócios.
Outra parceira de inovação do HC é a Timpel. A empresa também teve o apoio do PIPE da FAPESP no desenvolvimento de um Tomógrafo por Impedância Elétrica (TIE) utilizado para monitorar pacientes em tratamento intensivo que necessitam de ventilação artificial e, agora, tem apoio da FAPESP e da Finep, no âmbito do programa PIPE/PAPPE Subvenção, para incorporar ao produto ferramentas clínicas e levá-lo ao mercado (Para mais informações sobre a Timpel acesse pesquisaparainovacao.fapesp.br/683).
FAPESP amplia apoio a tecnologias digitais
O Citic foi constituído oficialmente no dia 7 de novembro, no evento ICHC e a medicina 4.0, realizado no Instituto Central do HC. Nesse encontro, o diretor-presidente da FAPESP, Carlos Américo Pacheco, apresentou programas de apoio ao empreendedorismo e inovação da Fundação.
Ele enfatizou que a FAPESP faz um esforço “crescente” para apoiar pesquisas em tecnologias digitais – manufatura avançada, inteligência artificial, aprendizado de máquina, big data, entre outras –, boa parte delas desenvolvidas por meio de parceria entre universidades ou institutos de pesquisa e empresas em Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs), em projetos do Programa Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), nos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) e em pequenas empresas apoiadas pelo PIPE, entre outros programas.
Pacheco ponderou que as novas tecnologias evoluem em ritmos diferentes – “algumas estão mais maduras, outras em fase de desenvolvimento” –, mas já estão provocando o que qualificou de “transformação digital na saúde”, como é o caso do prontuário eletrônico do paciente ou o controle de logística de medicamentos.
Muito em breve, prevê, as tecnologias digitais darão suporte também ao Hospital 4.0. “Elas possibilitarão, por exemplo, o monitoramento de todos os dados do paciente em tempo real e provendo informações detalhadas para as equipes de saúde, além de utilizar inteligência artificial para analisar grandes quantidades de dados e criar um hospital completamente integrado.”
“E esse novo ambiente é profícuo para a participação de startups, pela rapidez com que essas empresas incorporam novas tecnologias e por sua capacidade de renovar a estrutura produtiva.”
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