Sistema de identificação de pessoas e controle de acesso desenvolvido pela startup Addvance permite que hóspedes façam check-in e tenham acesso a quartos por meio de smartphone (foto: Divulgação/Addvance)

Plataforma tecnológica auxilia na digitalização de hotéis

24 de agosto de 2021

Eduardo Geraque  |  Pesquisa para Inovação – A startup Addvance desenvolveu um sistema de identificação de pessoas e controle de acesso que permite reduzir os custos operacionais e automatizar a gestão de hotéis.

Por meio do sistema, o hóspede pode fazer o check-in pelo celular, chegar ao hotel e ir diretamente até a porta do quarto para abri-la com o próprio aparelho. A abertura da porta por smartphone pode ser feita por aproximação ou por bluetooth. Outras possibilidades de acesso são por senha ou reconhecimento facial.

O sistema, desenvolvido com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), também pode ser empregado na porta principal da recepção, garagem e elevador dos hotéis. Dessa forma, dispensa a necessidade de recepcionistas, permitindo que o hóspede atue de forma totalmente independente.

“Podemos dizer que temos uma inovação mundial. Uma tecnologia que torna os hotéis, principalmente os pequenos e médios, mas não só, mais competitivos, uma vez que a mão de obra torna o custo fixo do negócio alto”, afirma Rony Stefano, um dos sócios da Addvance.

“Nossa principal vantagem é termos conseguido juntar vários sistemas em uma mesma plataforma e oferecer uma solução única. Temos tanto o software quanto o hardware”, diz o engenheiro Felipe Pirotta, sócio da empresa.

Além da plataforma digital, a inovação também engloba a fabricação dos próprios dispositivos eletrônicos que são instalados nas portas onde o sistema eletrônico vai operar. Apesar de parte do material ser importado, a montagem de boa parte dos dispositivos é feita no Brasil, a um custo menor.

Mudança de foco

Em 2015, quando a empresa começou, o foco era investir em projetos de segurança da informação e no desenvolvimento de sistemas tecnológicos para controle de acesso corporativo, usando o smartphone como forma principal de credencial de acesso, além de permitir o uso de meios tradicionais como cartões de plástico ou reconhecimento facial. Mas em 2018, quando Stefano se juntou à empresa, os planos se voltaram totalmente para o segmento de hotéis.

“Desenvolvemos todo o sistema na nuvem desde o começo, o que também facilita os processos de manutenção do sistema. Hoje, já estamos presentes em 13 Estados. Conseguimos fazer muitas coisas a distância”, afirma Guilherme Andrigueti, também sócio da empresa.

Segundo ele, atualizações do sistema também são feitas totalmente a partir da central do grupo. “A necessidade de mandar um técnico no local tem sido pequena”, diz.

A empresa conta com um escritório na capital paulista, mas a parte de desenvolvimento tecnológico do grupo está instalada em Campinas.

Baseados no conceito de internet das coisas (IoT), os programas desenvolvidos pela Addvance englobam toda a cadeia da hotelaria. Por meio das ferramentas tecnológicas disponíveis, não ocorre apenas a interação entre o hóspede e o hotel.

“A plataforma permite que toda a operação seja acompanhada pelo empresário a distância. Inclusive questões financeiras e operacionais. São praticamente cinco sistemas em um só. Isso em hotéis com 20 quartos, por exemplo, tem uma diferença importante nos custos mensais. A segurança das informações sempre foi também uma prioridade para nós, desde o início”, diz Stefano.

Segundo o administrador, apesar da boa penetração da tecnologia nos hotéis, existe um outro imenso campo a ser explorado.

“O nosso sistema também conversa perfeitamente com as plataformas de empresas como o Airbnb, Booking, Expedia e outras. O que faz com que o sistema de locação de imóveis também passe a nos interessar”, afirma Pirotta.

De acordo com dados da empresa, existem atualmente no mundo 25 milhões de “portas” para hospedagem espalhadas pelos continentes, sendo 18 milhões em hotéis e 7 milhões em imóveis próprios para locação.

“Infelizmente, enquanto os hotéis estão quebrando por causa da pandemia de COVID-19, a quantidade de imóveis para locação está crescendo bastante”, afirma Stefano.

Na avaliação dele, o potencial da tecnologia é enorme. “Mesmo nos casos dos hotéis, muitos que estão sobrevivendo estão conseguindo porque conseguiram reduzir as despesas. Um hotel de 20 quartos hoje precisa de pelo menos cinco recepcionistas. Os custos com serviços equivalem a praticamente 50% do preço da diária", afirma Stefano.

A empresa fechou recentemente um contrato com a Xtay, empresa de locação de apartamentos que tem como um de seus sócios a Átrio, uma das mais importantes redes de operação hoteleira no país.