Tecnologia promete economia milionária na extração de petróleo do pré-sal

23 de fevereiro de 2021

Uma nova técnica computacional, que mescla física e inteligência artificial, desenvolvida por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), promete gerar uma economia milionária na extração de petróleo dos poços do pré-sal. Além disso, a tecnologia pode proporcionar maior segurança aos procedimentos realizados nas plataformas, diminuindo o risco de acidentes ambientais nas refinarias e minimizando a emissão de CO2 na atmosfera.

Os resultados do trabalho foram publicados no Journal of Fluids Engineering, da American Society of Mechanical Engineers (Asme). A expectativa dos pesquisadores é que o novo método seja incorporado ainda este ano pela Petrobras.

A tecnologia foi desenvolvida no Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP.

Atualmente, para projetar, simular e monitorar o comportamento de um novo poço de petróleo e de gás, as empresas do setor petrolífero utilizam alguns códigos computacionais da área de mecânica dos fluidos (ramo da física) a fim de prever e avaliar como o sistema está operando. No entanto, de acordo com Oscar Mauricio Hernandez Rodriguez , professor da EESC-USP e coordenador do projeto, essas ferramentas possuem limitações.

“Utilizam-se, na verdade, expressões matemáticas simplificadas, que não são capazes de prever todas as variáveis de produção que existem na prática, como diferentes tipos de petróleo, presença de gás, condições severas de pressão e temperatura e escoamentos multifásicos”, afirma Rodriguez.

Com o objetivo de preencher essas lacunas, a equipe de pesquisadores desenvolveu a técnica baseada em aprendizado de máquina que auxilia os códigos computacionais já existentes, permitindo uma resposta mais precisa, abrangente e segura do sistema. Dessa forma, será possível avaliar com maior exatidão as condições de produção de petróleo e de gás a quilômetros de profundidade e informar a tempo o operador da plataforma caso algo anormal ocorra.

A técnica poderá ser utilizada tanto para a elaboração do projeto como para o monitoramento e operação da plataforma em funcionamento.

“Por meio da técnica é possível idealizar melhor um poço, fazer um projeto mais otimizado, reduzindo despesas de capital, o famoso Capex [capital expenditure], e custos operacionais, o Opex [operational expenditure]). Estamos falando de uma economia de milhões e milhões de dólares”, diz Rodriguez.