Unidade Embrapii CPqD e Bioxthica desenvolvem tecnologia de reabilitação motora

19 de dezembro de 2017

A Unidade Embrapii CPqD está desenvolvendo sensores, softwares e óculos de realidade virtual (RV), em parceria com a Bioxthica, spin-off incubada na Inova Unicamp (Incamp), que dispõe de uma plataforma de softwares de RV para aplicações de neurorreabilitação e Interação Humano-Computador (IHC). A tecnologia poderá ser utilizada na reabilitação física e neurofuncional de pacientes com deficiências motoras decorrentes, por exemplo, de acidente vascular cerebral (AVC).

“A intenção é oferecer uma ferramenta de auxílio ao trabalho do profissional de saúde especializado em cinesiologia, que é o estudo dos movimentos humanos”, explicou Alexandre Brandão, fundador da Bioxthica, à assessoria de comunicação da Unidade Embrapii CPqD.

A plataforma da Bioxthica já existente combina softwares e dispositivos de captura de movimentos corporais com a interface de realidade virtual. Sensores posicionados na região do tornozelo do paciente registram os movimentos que ele consegue fazer com os membros inferiores e enviam as informações para uma placa controladora, colocada em sua cintura.

Essa placa transfere, via Bluetooth, os sinais físicos do movimento para um ambiente virtual – por exemplo, as ruas de uma cidade – ao qual o usuário tem acesso por meio de um smartphone inserido em óculos de realidade virtual, permitindo que ele controle esse ambiente simulado.

“Além de motivar o paciente, essa solução oferece ao terapeuta informações que permitem monitorar os avanços e resultados do tratamento e, eventualmente, ajudar na tomada de decisões, a fim de aumentar a sua eficiência”, acrescenta Brandão.

Com o projeto em desenvolvimento junto ao CPqD, por intermédio da Embrapii/Sebrae, o objetivo é incorporar à solução da Bioxthica um dispositivo que eliminará a necessidade de utilização da placa controladora para comunicação direta com o ambiente virtual – e com os softwares da empresa –, tornando o sistema mais versátil e preciso.

O foco do projeto, que deverá ser concluído no primeiro semestre de 2018, é o desenvolvimento de um Biomechanics Sensor Node (BSN) capaz de captar movimentos e fazer o reconhecimento de gestos com maior precisão.

“O dispositivo terá um módulo de processamento e conectividade, por meio de tecnologia sem fio, para envio dos sinais capturados para o smartphone, além de sensores integrados”, adianta Clovis Magri Cabreira, da Gerência de Desenvolvimento de Dispositivos e Sensores do CPqD.

O dispositivo poderá ser fixado nos membros inferiores, na região do tornozelo, de modo a permitir a tradução de movimentos característicos da marcha estacionária (simulação de caminhada sem deslocamento espacial). Alexandre Brandão acrescenta que a finalidade desse projeto é unificar o sensor e a placa controladora, utilizados atualmente, em um único dispositivo em forma de pulseira (wearable device, ou dispositivo vestível).

O dispositivo permitirá a captura dos movimentos em qualquer plano e será capaz de reconhecer coordenadas espaciais (para cima e para baixo, para frente e para trás, de um lado para outro e movimentos na diagonal), permitindo a utilização dessas informações para controlar ambientes de RV.

Brandão é doutor em Biotecnologia pela Universidade Federal de São Carlos e especialista em Informática em Saúde pela Unifesp. Atualmente é pesquisador da Unicamp junto ao Grupo de Neurofísica e um dos coordenadores da linha de pesquisa “Realidade Virtual e reabilitação neurofuncional”, que faz parte de um projeto mais amplo na área de neurociência e neurotecnologia conduzido pelo Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) BRAINN - Brazilian Institute of Neuroscience and Neurotechnology, apoiado pela FAPESP.

Para mais informações acesse www.cpqd.com.br.