Transformação do trabalho exigirá novas habilidades
13 de novembro de 2018Maria Fernanda Ziegler e André Julião | Agência FAPESP – Está em curso uma grande transformação na organização do trabalho. Mudanças referentes à chamada Quarta Revolução Industrial perpassam por questões que envolvem automação, robôs, análise de big data e aprendizado de máquina. Nesse contexto, é preciso atentar para o saldo do desemprego crescente e a criação de postos de trabalho mais qualificados ou até novos padrões de trabalho.
O futuro do trabalho e do aprendizado foi tema do 7º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, ocorrido nos dias 30 e 31 de outubro na sede da FAPESP. No evento, pesquisadores brasileiros e alemães discutiram novas tecnologias, processos de trabalho em empresas e a necessidade de aprendizado de novas habilidades.
“Existe uma relação entre inteligência artificial e seu impacto no mercado de trabalho. Por isso, o tema não só é discutido por cientistas, mas também por empresas e políticos. A questão é tão premente que alguns países estão criando Ministérios de Inteligência Artificial para lidar com as dificuldades que envolvem a transição no trabalho”, disse Luís da Cunha Lamb, professor e pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Lamb defende que é preciso incluir esses temas na educação e, principalmente – em tempos de inteligência artificial e aprendizado de máquina –, aprender a raciocinar. “Na minha opinião, não estamos educando as pessoas para trabalharem nesse mundo”, disse.
Há visões pessimistas e algumas otimistas quanto ao futuro. De acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado este ano, as máquinas farão mais tarefas do que os humanos já em 2025, porém a revolução dos robôs criará 58 milhões de novos empregos nos próximos cinco anos.
“Esses novos postos viriam a partir da adoção de novas tecnologias em empresas e na indústria, como uso e análise de big data, internet das coisas e aprendizado de máquina. Enquanto se perde de um lado, ganha-se com novas habilidades, e isso não necessariamente tem um saldo positivo”, disse Bernd Dworschak, pesquisador sênior do Fraunhofer Institute for Industrial Engineering.
Ainda de acordo com o relatório, a rápida evolução de robôs, máquinas e algoritmos no mercado de trabalho pode criar 133 milhões de novos postos de trabalho, enquanto outros 75 milhões perderão lugar até 2022.
Essa mudança na organização do trabalho já passa a ser sentida nos empregos. “Na Alemanha, existe um só setor que está perdendo postos de trabalho, e não é a indústria, é o setor bancário e de seguros. A automatização desses serviços já está tomando empregos”, disse Joachim Möller, diretor do Instituto para a Pesquisa do Emprego da Alemanha (IAB).
Outro participante do evento, Afonso Fleury, professor na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que a organização do trabalho se tornou mais complexa conforme o tempo foi passando.
“A escolha pela tecnologia é sempre interessante, mas não podemos esquecer que ela passa também pela criação de políticas industriais, de ciência e tecnologia. Enfim, é uma decisão que deve ser feita em cada país”, disse.
Para ele, a situação brasileira não serve como boa base para o enfrentamento da revolução 4.0. “No Brasil, temos algum avanço no setor agroindustrial e no de serviços, mas estamos enfrentando a desindustrialização, mas não necessariamente na indústria digital”, disse Fleury.
Estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicou que atualmente apenas 1,6% da indústria brasileira está na chamada indústria 4.0 – quando a produção é conectada por meio de tecnologias da informação integradas e processos inteligentes, com capacidade de subsidiar gestores com informações para tomada de decisão.
No mesmo estudo, a chamada indústria 3.0 corresponde a 20,5%. Já as indústrias 2.0 e 1.0 correspondem a 39,1% e 38,7%, respectivamente.
Para ler a íntegra da reportagem acesse http://agencia.fapesp.br/29149/.
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