Startup apoiada pela FAPESP inaugura laboratório para desenvolvimento de insumos biológicos ativos no Brasil

09 de abril de 2024

A Biotimize, empresa brasileira focada no desenvolvimento de processos para produção de biofármacos, inaugurou o primeiro laboratório prestador de serviços no Brasil apto a desenvolver vacinas e medicamentos biológicos a partir de células vivas. Localizado em Piracicaba (SP), o espaço é operado sob Boas Práticas de Laboratório (BPL), garantindo base para a geração de dados pré-clínicos confiáveis visando submissões regulatórias, e habilitado com níveis de biossegurança 1 e 2.

Esse será o primeiro laboratório no país a operar no modelo “as a service”, ou seja, capaz de prestar serviços para diferentes universidades e empresas sob condições BPL, e o único a atuar com produção ponta a ponta a partir de bactérias, leveduras, células de mamíferos e vírus.

A empresa também anunciou o início da construção de um novo centro de P&D biológico e uma plataforma de produção de lotes clínicos e comerciais com certificação de Boas Práticas de Fabricação (BPF). A estrutura BPF, com foco na produção de proteínas recombinantes oriundas de células de mamíferos, será a única na América do Sul a oferecer solução completa para o desenvolvimento de um medicamento biológico, compreendendo pesquisa e desenvolvimento, produção, finalização e estrutura para caracterização. O projeto tem o suporte da Sthorm, centro de inteligência brasileiro que se dedica ao desenvolvimento tecnológico e às descobertas científicas para resolver problemas globais.

Um dos primeiros projetos do novo laboratório da Biotimize é a produção do lote inicial (fase 0) do tratamento, desenvolvido pela Vyro Biotherapeutics, que utiliza o zika vírus modificado para atacar tumores cerebrais. Segundo Carolini Kaid, pesquisadora e fundadora da Vyro, é a primeira vez no mundo que esse tipo de vírus é alterado de forma segura e eficaz, destruindo o tumor sem afetar as células saudáveis. Após resultados promissores em fase pré-clínica, a Vyro se prepara para iniciar os testes em seres humanos, inicialmente com um grupo de pacientes com glioblastoma recorrente – doença maligna no sistema nervoso central que acomete mais de 300 mil pessoas em todo o mundo e ainda carece de terapias eficazes.

Marina Domenech, fundadora da SAIL for Health, empresa responsável pelo apoio na estratégia regulatória e na articulação para captação de investimentos para o projeto, conta que isso pode servir de modelo para outras startups e biotechs.

Para ela, o Programa de Inovação Radical promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), quando a SAIL capacitou startups e biotechs para identificar e resolver essas lacunas desde as fases iniciais, foi fundamental para esse avanço no cenário da saúde.