Ferramentas de inteligência artificial trazem eficiência para o processo arquitetônico

22 de outubro de 2024

Karina Toledo, de Bologna | Pesquisa para Inovação – O trabalho convencional de um arquiteto costuma ser lento e artesanal. Quando contratado para fazer o design de interiores para uma empresa, dependendo do tamanho do projeto, pode demorar dias ou até semanas para produzir algumas poucas opções a serem oferecidas ao cliente. Mas com ferramentas de inteligência artificial é possível tornar esse processo muito mais veloz e eficiente.

Foi o que fez a Arqgen, uma das startups apoiadas pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. “Criamos uma série de algoritmos que resolvem o problema arquitetônico via inteligência artificial e técnicas de design generativo. Nossa meta é devolver o protagonismo para a arquitetura, que é muito estratégica para qualquer tipo de negócio”, explicou Alexandre Kuroda, um dos fundadores da empresa.

Até o momento, a Arqgen conta com dois produtos principais. Um deles visa justamente resolver essa questão do layout de interiores e tem dois grandes bancos como principais clientes. “Esses bancos têm manuais de arquitetura com uma série de regras para manter o padrão de suas agências. Nós ‘algoritmizamos’ essas regras, combinamos com técnicas de inteligência artificial e de design generativo de forma que se tornou possível produzir todas as opções possíveis de layout para um determinado imóvel em menos de meio dia”, contou o empreendedor.

A segunda solução desenvolvida pela startup usa os mesmos algoritmos, mas aplicados à incorporação imobiliária. Nesse caso, a ferramenta é usada para definir qual é a melhor disposição de um edifício – seja ele residencial ou comercial – dentro de um terreno.

Os principais resultados do trabalho foram apresentados por Kuroda na terça-feira da semana passada (15/10) na cidade de Bologna. Sua empresa foi um dos quatro PIPEs selecionados para participar da FAPESP Week Itália. O evento, que aconteceu entre os dias 14 e 15 de outubro foi organizado em parceria com a Alma Mater Studiorum – Università di Bologna (Unibo).

Outra empreendedora que participou do simpósio foi Renata Bonaldi, fundadora da empresa SleepUp. Com apoio da FAPESP (projetos 22/13130-9 e 20/00666-2), ela desenvolveu diversos produtos para auxiliar no diagnóstico e no tratamento de distúrbios de sono, principalmente insônia e apneia. Entre eles estão uma faixa de cabeça que monitora os ciclos de sono em casa com a mesma acurácia de um exame de polissonografia feito em hospital e um aplicativo que usa princípios da terapia cognitivo-comportamental (TCC) para auxiliar o usuário a melhorar sua higiene do sono (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/3348).

A terceira empresa foi a Kasco P&D, spin-off da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) focada no desenvolvimento de sistemas inovadores para comunicações digitais e soluções baseadas em inteligência artificial e aprendizado de máquina para diversos setores, como monitoramento de linhas de energia, controle de qualidade na indústria e reconhecimento de gado de corte em imagens captadas por drones. A startup foi representada por Diogo Gará Caetano. Participou ainda Rodrigo Basile Junqueira, da Ocellott, que atua na área de eletrificação aeronáutica (leia mais em: agencia.fapesp.br/52073).

Os quatro empresários tiveram a oportunidade de apresentar seus negócios durante um painel sobre tecnologia e inovação, no qual foram abordados diversos aspectos relacionados com a indústria 5.0 – aquela que busca a sinergia entre o trabalho e a personalização humana com a eficiência e automação da indústria 4.0.

Integraram a mesa Mario Sergio Salerno, da Universidade de São Paulo (USP); Luca Foschini e Franco Callegati, ambos da Unibo. A coordenação foi feita por Rodolfo Azevedo, coordenador-geral de Tecnologias e Parcerias em Inovação da FAPESP e pesquisador da Unicamp, e Antonio Corradi, da UniBo.