Credenciam-se para a residência no Cubo Itaú startups tecnológicas com potencial de escala e que já tenham seu negócio testado e “provado” pelo mercado

Cubo Itaú ampliará de 55 para mais de 200 o número de startups residentes

03 de julho de 2018

Claudia Izique  |  Pesquisa para Inovação – No início do segundo semestre, o Cubo Itaú, hub de fomento ao empreendedorismo tecnológico criado pelo Itaú Unibanco, vai mudar de endereço e multiplicar por quatro a área de 5 mil metros quadrados que hoje abriga 55 startups em convivência com 11 grandes empresas como Accenture, AES Brasil, Cisco, Gerdau, MasterCard, entre outras. Outras 250 startups estão instaladas no Cubo Digital.

“Com a expansão, aumentaremos a capacidade para mais de 200 startups no espaço físico e 40 parceiros. Nossa proposta de geração de valor deu tão certo que estamos saindo de um prédio de quatro andares para outro de 12, para abrigar ainda mais inovação e gerar mais fomento para o ecossistema”, afirma Lineu Andrade, diretor de tecnologia do Itaú Unibanco, responsável pelo Cubo Itaú.

O Cubo Itaú foi criado no final de 2014. “Trata-se de um espaço, físico e digital, para criar conexões e gerar valor entre empreendedor e investidor, grandes empresas, universidades e outros empreendedores”, afirma Andrade. O objetivo da iniciativa é gerar oportunidades de negócios entre os residentes – startups maduras, com potencial de escala –, previamente selecionadas por um board especializado, e potenciais clientes, em geral, grandes empresas.

“As empresas parceiras do Cubo Itaú contribuem com a proposta de fomento. Promovem palestras, mentorias, networking e workshops, iniciativas que estimulam o aprendizado e a aproximação entre as grandes corporações e as startups”, diz.

Credenciam-se para a residência no Cubo Itaú startups tecnológicas com potencial de escala e que já tenham seu negócio testado e “provado” pelo mercado. “Ou seja, precisa ter clientes”, sublinha Andrade. O board de seleção é formado por Cubo Itaú, Itaú Unibanco e RedPoint eventures – empresa de venture capital com foco em internet –, cofundadora da iniciativa.

“Entendemos que o que faz uma startup ou qualquer outra empresa dar certo é ter clientes. As empresas fundadoras do Cubo [grandes empresas] não investem nas startups por princípio, mas apenas se tiverem interesse de mercado”, ele ressalta.

Biotecnologia e inteligência artificial

Uma das empresas residentes no Cubo Itaú é a InYou, uma plataforma que combina biotecnologia, inteligência artificial e estilo de vida em solução de healthtech disponível para o cliente por meio de aplicativo. “Somos uma plataforma de mudança no estilo de vida, apoiada em três pilares: alimentação, exercício físico e saúde mental, notadamente, meditação, cujo desafio está na motivação e engajamento”, resume Vinicius Marcondes, gerente comercial da In You.

Para o cliente, a plataforma está estruturada em três níveis: um cardápio de soluções para cada um dos pilares, consultoria remota de nutricionistas e exame de DNA. “O exame é feito no laboratório Pathway, em San Diego, na Califórnia. Os testes não detectam doenças; o foco é prevenção. São avaliados 156 polimorfismos para obter informações relacionadas à alimentação e exercícios”, esclarece Marcondes.

A In You foi criada em 2017. Instalou-se num escritório na Faria Lima, antes de mudar-se para o Cubo. “A grande vantagem é o network com outras startups, a possibilidade de falar de negócios e trocar experiências. O ambiente é fértil para ideias. No momento, estamos estudando parceria com uma grande empresa para um programa de mudança de hábito”, ele diz.

O aplicativo está no mercado desde novembro de 2017. Foi reformulado no início de 2018 e ganhará uma nova versão em julho. “A startup é dinâmica. Até recentemente, o produto era comercializado por meio de profissionais da saúde. Não atingimos os resultados pretendidos. Agora, isso será feito diretamente ao público, por meio de influenciadores e redes sociais”, conta Marcondes.

A InYou é investida pela Advanced Digital Health (ADH), empresa brasileira de tecnologia especializada em análise de mapeamento genético voltada para a prevenção de doenças, promoção do bem-estar e longevidade, de capital aberto. No Relatório de Resultados de 1º Trimestre de 2018, dirigido ao mercado, a ADH informa que a geração de caixa da InYou foi “modesta”, mas aposta no crescimento do mercado de healthtech: afirma que o “DNA” da startup “tem foco no atendimento mais amplo possível de negócios no Brasil e, no momento oportuno, no mercado global”.

Iniciativa aberta

Desde a sua instalação, o modelo adotado pelo Cubo Itaú também passou por ajustes. “Um deles foi o entendimento de que a iniciativa não é um coworking. Apesar de as startups trabalharem lado a lado, não é qualquer pessoa ou empresa que pode entrar no ambiente e alugar um espaço para trabalhar. Selecionamos as empresas que ocupam nosso espaço”, explica Andrade.

Ele acrescenta ainda que o Cubo é uma iniciativa aberta: “Qualquer empresa que enxergar sentido na solução de startups residentes no Cubo Itaú pode fazer negócio, virar cliente ou até mesmo investir e virar sócio”.

Para o Itaú Unibanco, um dos principais benefícios da implantação do Cubo foi a mudança cultural promovida diariamente na organização. “Todos os executivos do banco passaram pelo Cubo de alguma forma, seja pelo Cubo Day ou por qualquer outra atividade atrelada ao espaço. A proposta de mudança de mindset, ganho de agilidade, transformação nos processos entre outros, foram os principais ganhos para o Itaú Unibanco.”

Não há, por parte do banco, qualquer apropriação de tecnologia ou de “inteligência” desenvolvida por startup. “Só nos envolvemos com a startup se identificarmos que a solução faz sentido para nossa organização ou para nossos clientes. Até agora, contabilizamos mais de 40 projetos em andamento e concluídos com o banco. Incorporamos as novas soluções em nossa gama de serviços e melhoramos a experiência de nossos clientes”, concluiu.

Cubo Itaú
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