Brasil avança cinco posições e ocupa o 49º lugar no Índice Global de Inovação

03 de outubro de 2023

O Brasil avançou cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com o ranking de 2022 e agora ocupa o 49º lugar entre 132 países, passando a ser o primeiro colocado da América Latina. No ano passado, o Chile estava à frente do Brasil. Os dados foram divulgados na última quarta-feira (27/09), na abertura do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Sebrae em São Paulo.

Mesmo com o ganho de posições, sustentado pelo terceiro ano consecutivo, a colocação brasileira ainda é considerada aquém do potencial do país, que hoje tem a 10ª maior economia do mundo. A melhor posição do Brasil no IGI foi em 2011, quando chegou ao 47º lugar.

Os dez países mais bem colocados no índice são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul. A classificação é divulgada anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI - WIPO, na sigla em inglês), em parceria com o Instituto Portulans e o apoio de parceiros internacionais – no caso do Brasil, a CNI e a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), parceiras na produção e divulgação do IGI desde 2017.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que o Brasil tem condições de crescer a cada ano no ranking, por meio de investimentos e políticas direcionadas à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). “A posição do Brasil no Índice Global de Inovação vem melhorando nos últimos anos. No entanto, temos um potencial muito inexplorado para melhorar o nosso ecossistema de inovação, atingir o objetivo de integrar os setores científico e empresarial e, consequentemente, promover maior inovação”, afirma.

“Precisamos de políticas públicas modernas e atualizadas e, para isso, o IGI tem o papel fundamental de auxiliar na compreensão dos pontos fortes e fracos do Brasil. A CNI e a MEI estão conscientes da importância de medir a inovação para viabilizar políticas eficazes, alcançar resultados sólidos em atividades de CT&I e promover o desenvolvimento social e econômico”, afirmou Andrade.

Criado em 2007, o IGI tornou-se uma referência na avaliação da inovação e um pilar na formulação de políticas de CT&I, levando um número cada vez maior de governos a realizar análises sistemáticas de seus resultados anuais em matéria de inovação e elaborar políticas voltadas para melhorar seu desempenho no índice. O ranking também obteve o reconhecimento do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, que em sua resolução de 2019 sobre CT&I para o desenvolvimento o define como um instrumento de referência para avaliar a inovação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Liderança na América Latina

Os dados mostram o Brasil na liderança da América Latina e Caribe, depois de 12 anos fora do recorte das 50 economias mais bem classificadas no IGI. Depois de um crescimento contínuo nos últimos anos, o país ultrapassa pela primeira vez o Chile (52ª) e garante o posto de economia mais inovadora da região. O México (58ª) aparece em seguida, ocupando a terceira posição regional.

Entre os cinco países do BRICS – a formação antes do anúncio de novos integrantes feito há algumas semanas – o Brasil está na terceira colocação, à frente da Rússia (51º lugar) e da África do Sul (59º). A China é a 12º colocada e a Índia ocupa o 40º lugar.

As cinco posições conquistadas pelo Brasil no ranking de 2023 colocam o país entre as economias que mais melhoraram o desempenho no IGI nos últimos quatro anos. O Brasil apresenta pontuações elevadas em indicadores como serviços governamentais on-line (14ª posição) e participação eletrônica (11ª). Além disso, destaca-se pelo valor de seus 16 unicórnios (22ª), representando 1,9% do PIB nacional em 2023, e por seus ativos intangíveis (31ª), obtendo bons resultados mundiais por suas marcas registradas (13ª) e pelo valor global de suas marcas (39ª).

Na avaliação da diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, a fragilidade e a deterioração de universidades e infraestruturas de pesquisa brasileiras impactam não só a formação de recursos humanos para inovação, mas a oferta de conhecimento científico e de estruturas laboratoriais para viabilizar a inovação nas empresas.

“A brusca queda no orçamento público de investimento em CT&I inviabilizou o fomento a projetos de P&D para novas demandas da sociedade e, ainda mais grave, interrompeu inúmeros projetos de pesquisa científica e tecnológica, inclusive de empresas brasileiras, que dependem de financiamento regular e previsível para fornecer os resultados esperados”, sublinhou Sagazio.

Oportunidade em ecoinovação

Na América Latina, o Brasil desempenha um papel de liderança na corrida da tecnologia verde. Os depósitos de patentes verdes no Brasil têm respondido por mais da metade do total de pedidos dos escritórios latino-americanos analisados.

O país tem a oportunidade histórica de se tornar um líder verde globalmente e apresenta uma participação maior de patentes verdes em comparação com as principais economias (16,1% no Brasil versus 14,9% nos EUA, 14,3% na UE e 15,3% na China). No entanto, esse diferencial vem caindo nos últimos anos.

Para os organizadores do IGI, o Brasil precisa estabelecer uma cultura de ecoinovação, o que envolve aumentar a propensão das empresas para assumir riscos, mas também reforçar o apoio governamental à inovação verde. As áreas de gestão de resíduos, conservação de energia, energia alternativa e transporte oferecem capacidades inovadoras promissoras na indústria brasileira.