As peças de pele, cartilagem ou osso, por exemplo, impressas pelos equipamentos, são feitas à base de biotintas, polímeros dissolvidos em água e carregados com células vivas, desenvolvidas exatamente para estes tipos de impressão (foto: 3D Biotechnology Solutions)

Bioimpressão 3D é utilizada para a produção de estruturas celulares

05 de novembro de 2019

Eduardo Geraque  |  Pesquisa para Inovação – Uma plataforma tecnológica desenvolvida no Brasil com potencial de revolucionar a engenharia de tecidos é a base de evolução dos negócios da 3D Biotechnology Solutions, a 3DBS, de Campinas.

Com auxílio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), a empresa desenvolveu o projeto de customização de tecnologia de impressão 3D para produção de estruturas celulares tridimensionais, concluído no início de 2019.

A tecnologia ganhou escala e a 3DBS já colocou no mercado brasileiro uma dúzia de bioimpressoras. Todas elas estão sendo utilizadas por grupos de pesquisa, em alguns casos com objetivo educacional e noutros em aplicações na área de engenharia de tecidos e da medicina regenerativa.

“Cada cliente tem uma necessidade única. Por isso, temos um trabalho importante de customização dos produtos e também de assistência técnica especializada”, afirma a bióloga Ana Luiza Millas, uma das sócias da startup.

Diferentes de uma impressora 3D convencional, que podem funcionar em qualquer ambiente, os equipamentos voltados para a mimetização de tecidos vivos, por usarem material celular, precisam ser instalados em salas limpas, dentro de capelas de fluxo com ar controlado.

Segundo Ana Luiza, as peças de pele, cartilagem ou osso, por exemplo, impressas pelos equipamentos, são feitas à base de biotintas, polímeros dissolvidos em água e carregados com células vivas, desenvolvidas exatamente para estes tipos de impressão.

“A estratégia para mimetizar um tecido humano envolve sempre um grande desafio. Imitar a perfeição e a complexidade da natureza não é uma tarefa fácil. O desafio atual da técnica está em combinar diferentes tipos celulares, com os materiais que se assemelham as matrizes nativas dos tecidos humanos, mantendo as estruturas impressas vivas e funcionais ao longo do tempo, dias, meses e até anos”, afirma a pesquisadora.

O fato de as matrizes artificiais se somarem ao material celular específico e poderem ser impressas em maior quantidade abre uma gama ampla de possibilidades para a engenharia de tecidos. Neste campo multi e interdisciplinar, um dos grandes objetivos das centenas de grupos de pesquisa espalhados pelo Brasil e pelo mundo é criar substitutos biológicos vivos com a finalidade de melhorar ou substituir, parcial ou totalmente, tecidos ou órgãos que tenham sido afetados por alguma doença ou lesão.

Ainda está longe o dia em que um coração ou fígado funcional será bioimpresso na sala limpa de algum laboratório pelo mundo, mas existem outras possibilidades bem mais próximas, explica Ana Luiza.

“Um dos nossos próximos objetivos é colaborar no mercado modelos in vitro de pele, que poderão ser usados pela indústria farmacêutica e de cosméticos”, exemplifica a pesquisadora.

Outra esteira possível de desenvolvimento tecnológico é a área de medicina regenerativa, com a bioimpressão de biocurativos, por exemplo. Tecnologia que será bastante útil para o tratamento de queimaduras ou lesões de pele graves.

A empresa mira também o uso da tecnologia para o teste de medicamentos ou de produtos de beleza, já que a partir do dia 24 de setembro deste ano foi extinguido o uso de cobaias animais para esta finalidade na indústria cosmética no Brasil, mediante resolução normativa do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), a lei que estabelece novas regras para o uso de animais.

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