Aplicativo ajuda paulistano a driblar pontos de alagamento
11 de agosto de 2020Eduardo Geraque | Pesquisa para Inovação – Gilca Palma, diretora de meteorologia da Climatempo, assistiu a uma apresentação sobre o uso de dados colaborativos pela defesa civil americana em um congresso científico nos Estados Unidos, em 2014, e decidiu testar a ideia no Brasil.
Em 2017, obteve apoio do Programa PIPE-PAPPE Subvenção – resultado de parceria entre a FAPESP e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – e de universidades, como a Universidade de São Paulo (USP), para desenvolver um aplicativo que tem como objetivo ajudar os moradores da Grande São Paulo a não serem pegos de surpresa em dias de tempestades e de reduzir os riscos associados às enchentes, informando pontos vulneráveis..
“A versão definitiva do produto poderá ser baixada em setembro. O aplicativo funciona com muita inteligência artificial embarcada”, adianta Palma.
A modelagem da ferramenta é feita a partir de informações colhidas em redes sociais e aplicativos que auxiliam os motoristas a desviar do trânsito, como o Waze. Os mapas de calor que indicam onde e quando pode chover mais forte durante o verão também estão embutidos no software. “O processamento de todo esse conjunto de dados vai informar ao usuário onde há mais risco de haver inundações após uma chuva”, diz a meteorologista.
O aplicativo conta também com uma área totalmente interativa, o que permite a qualquer pessoa informar, por exemplo, se determinado ponto de alagamento registrado pelo programa continua ou não ativo após horas ou até dias de a chuva ter terminado.
“Combinamos dois processos: inteligência artificial e informações colaborativas”, diz a diretora da Climatempo. Segundo ela, em grandes tempestades, é normal os usuários avisarem pelo software, dias depois, que determinado ponto de alagamento na cidade ainda permanece atrapalhando a vida dos motoristas e pedestres.
O programa PIPE-PAPPE Subvenção permitiu a contratação de bolsistas que ajudaram no desenvolvimento de um sistema web e deram apoio aos pesquisadores do projeto na construção de algoritmos para validação e comparação dos outputsdos modelos atmosféricos e aperfeiçoamento e adaptação do sistema operacional existente.
Outra parte da pesquisa envolveu a operacionalização de um sistema de previsões do tempo de curtíssimo prazo, atrelado ao cálculo do risco potencial de inundações e eventos hidrometeorológicos gerarem impactos à sociedade.
Todo o planejamento científico do projeto foi desenvolvido a partir do contexto das cidades inteligentes e do gerenciamento de risco, processo que ganha mais peso em um cenário de eventos hidrometeorológicos mais intensos, principalmente em decorrência das mudanças climáticas globais.
O aplicativo, batizado com o nome de Pédagua, está dividido, basicamente, em três funções principais: fornece informações atualizadas sobre as condições ambientais nos locais de interesse, bem como as situações de risco; permite que os usuários compartilhem ocorrências em tempo real com base em coordenadas georreferenciadas e relatem, por exemplo, pontos de chuvas, inundações e ventos fortes; e possibilita ao usuário enviar um feedback sobre as condições atuais de uma determinada região, confirmando ou não a persistência de algum evento. “O Pédagua é totalmente gratuito para o usuário. Uma versão de teste funcionou no verão passado”, afirma Palma.
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