Sistema monitora volume de rejeitos em lixeiras públicas e informa o momento da coleta
22 de maio de 2018Marcos de Oliveira | Pesquisa para Inovação – A empresa Sistema Ciclo Processamentos, de Cotia (SP), conhecida pelo nome fantasia de RedeResíduos, desenvolveu um sistema de telemetria e rastreabilidade que informa o momento mais adequado para a coleta de lixo descartado em lixeiras públicas ou em condomínios. Com o auxílio de um software é possível acompanhar o resíduo desde a origem até a destinação final.
Chamado de i2waste, o sistema calcula em tempo real os volumes e pesos dos resíduos e libera aos gestores as informações dos reservatórios que estão prontos para a coleta. Dessa forma é possível fazer os melhores roteiros dos caminhões, reduzindo gastos com logística, combustível, mão de obra e contribuindo para diminuir a emissão de poluentes e o tráfego em vias públicas.
O projeto da RedeResíduos foi um dos selecionados em edital do Programa PIPE/PAPPE Subvenção para o desenvolvimento de soluções para Cidades Inteligentes. O programa é resultado de parceria entre a FAPESP e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Os principais clientes deverão ser as prefeituras que possuem lixeiras espalhadas em ruas, praças, escolas, parques e outros locais, além dos condomínios, residenciais, industriais e comerciais”, explica o analista de sistemas Francisco Luiz Biazini Filho, sócio na empresa.
Os dispositivos de telemetria e rastreabilidade poderão ser instalados em qualquer lixeira, principalmente naquelas destinadas à reciclagem, facilitando a coleta seletiva pelos caminhões e a entrega às empresas recicladoras.
O monitoramento do nível dos resíduos nas lixeiras é feito por um medidor ultrassônico que emite e capta pulsos para monitorar o volume de resíduo nesses recipientes. As medições, alarmes de nível predeterminado para coleta, nível da bateria do equipamento e dados de geolocalização são registrados e enviados ao módulo de comunicação instalado na lixeira, permitindo que várias lixeiras das imediações se comuniquem via sinal de rádio e alimentem a plataforma na internet.
Os módulos das lixeiras são alimentados por baterias que duram mais de um mês funcionando. Um único módulo de comunicação permite receber e enviar informações de centenas de lixeiras em tempo real, utilizando a rede de celulares para a conexão, além de possuir acesso à rede WiFi que pode ser utilizada como contingência das comunicações.
O software calcula o peso dos resíduos e indica ao gestor, em um mapa em tempo real, as lixeiras e a quantidade de resíduo em cada uma delas, o que possibilita organizar melhor o roteiro de coleta, escolhendo para o motorista o menor caminho até todas as lixeiras cheias.
“Desenvolvemos o sistema para qualquer tipo de lixeira, mas o ideal é que as prefeituras ou condomínios utilizem recipientes de acordo com recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos [PNRS], que prevê a utilização de três lixeiras: uma para aterro [material não reciclado como fraldas, papel higiênico], uma para reciclagem [plásticos, metais, vidro, papel] e outra para compostagem [como folhas e cascas de alimentos que podem ser transformados em adubo]”, explica Biazini. Assim, fica mais fácil destinar o resíduo para o local onde será mais bem aproveitado. “Sabemos que os materiais recicláveis são responsáveis por 65% do volume total do resíduo de uma cidade.”
O sistema de telemetria e rastreabilidade de lixeiras se encaixa no conceito de cidades inteligentes, que prevê o uso de tecnologias da informação e comunicação, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) para a gestão da infraestrutura urbana e de serviços, em áreas como transporte, segurança, trânsito, ambiente, energia elétrica, iluminação e limpeza.
O tema do projeto apoiado pela FAPESP, Pesquisa sobre Tecnologias e Produtos para Aplicações em Cidades Inteligentes-Cidades Sustentáveis, foi apresentado em chamada de proposta do programa PIPE/PAPPE, no âmbito de um acordo entre a FAPESP e a Finep. A RedeResíduos foi uma das 10 empresas aprovadas e está finalizando os primeiros protótipos do sistema.
A empresa teve anteriormente mais dois projetos aprovados pelo PIPE – Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas –, quando ainda estava no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em São Paulo.
“Fazemos a articulação entre aqueles que produzem e recolhem os resíduos recicláveis [metal, vidro, plástico e papel], como empresas e cooperativas, e as empresas que utilizam estes materiais, disponibilizando cotações, volumes e padrões de qualidade. Iniciamos comercialmente esse sistema em 2011, mas hoje já existem muitos concorrentes e aí resolvemos avançar na tecnologia”, diz Biazini (leia mais em http://agencia.fapesp.br/16670/).
O teste mais amplo do sistema de telemetria e rastreabilidade acontecerá no final de maio em um showroom que simula uma cidade inteligente, com todas as suas funcionalidades interligadas, que servirá para que prefeitos e secretários conheçam o conceito na prática. O evento será nas dependências do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), em São Paulo. “A instalação piloto vai colher as informações em diversas lixeiras instaladas no IPT, em um ambiente de uso diário. Vamos demonstrar o desempenho dos equipamentos, o design da plataforma de gestão na nuvem e as funcionalidades de comunicação e telemetria.”
No plano de negócios da empresa, o sistema de telemetria e rastreabilidade de lixeiras é destinado a prefeituras, condomínios industriais, comerciais e residenciais, além das empresas donas das caçambas. “Estamos prospectando clientes e já visitamos quase 50 cidades”, conta Biazini. “Nossa proposta é instalar, na forma de piloto, em quatro cidades: Santos, São José dos Campos, Hortolândia e Bertioga. Ao final de alguns meses, vamos divulgar os valores do negócio, inclusive prevendo oportunidades de patrocínios nas lixeiras e parcerias.”
Sistema Ciclo Processamentos (RedeResíduos)
www.rederesiduo.com.br
Rua Ourinhos 71, Cotia – SP
comunicacao@rederesiduo.com.br
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