Com apoio do PIPE, empresa ampliou o uso de laser de estado sólido de neodímio para aumentar os níveis de potência e de velocidade de processamento

Empresa concilia serviços de usinagem a laser para a indústria e P&D para o setor médico-odontológico

01 de agosto de 2017

A Lasertools foi criada em 1998 para oferecer ao setor produtivo a expertise na utilização de laser do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). “Na época, ninguém conhecia o corte a laser e o sucesso foi enorme”, lembra o físico Spero Penha Morato, um dos sete sócios- fundadores.

Aposentado do Ipen – do qual foi superintendente entre 1990 e 1995 –, Morato, na época, acabara de voltar de um período de consultoria na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre aplicações industriais a laser e, como ele conta, isso alimentou a ideia de criar uma empresa.

A ideia vingou porque o ambiente era fértil: a Universidade de São Paulo (USP), que sedia o Instituto, em parceria com o Ipen – autarquia gerida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) –, acabara de inaugurar o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), incubadora pioneira em São Paulo, e a FAPESP tinha criado um ano antes, em 1997, o Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) de apoio à inovação em ambiente empresarial.

A Lasertools foi aprovada no primeiro edital que selecionou as sete primeiras empresas a serem incubadas no Cietec e também teve o projeto de Aplicações de Laser no Processamento de Materiais aceito no terceiro edital do PIPE.

A empresa foi concebida como uma job shop, uma prestadora de serviços de usinagem a laser de materiais como aço, inox, titânio, silício, cerâmicas, entre outros, agregando valor às atividades do setor produtivo. “O portfólio de produtos inclui desde brocas odontológicas e implantes dentários, passando por peneiras moleculares, entre outras atividades”, ele elenca.

Em dois anos a Lasertools cresceu. “Fomos das primeiras startups a se graduar no Cietec. Instalamo-nos no Rio Pequeno, próximos à USP”, conta Morato. Nesse período, a empresa desenvolvia soluções para os setores automotivo, médico-odontológico, metalmecânico, eletroeletrônico e de brindes.

A empresa utilizava um laser de estado sólido de neodímio (d):YAG, para processo de corte e soldagem industrial. Com o apoio do PIPE, ampliou o uso da tecnologia de forma a aumentar os níveis de potência e de pico, além da velocidade de processamento, aumentando a possibilidade de uso de microusinagem.

Em 2002, a Lasertools submeteu à FAPESP – e teve aprovado – um projeto mais ousado: o de desenvolvimento de métodos e processos de manufatura a laser de implantes metálicos biocompatíveis, incluindo stents coronarianos e periféricos. “Não se tratava de uma inovação radical, mas incremental”, ele esclarece.

Stents são cilindros de tela metálica, acompanhados de um balão, inseridos em artérias do coração ou em vasos periféricos obstruídos por placas de gordura ou cálcio. A tecnologia do corte a laser do metal e os protótipos do equipamento foram desenvolvidos na Lasertools, assim como a avaliação dos procedimentos para implante realizados em parceria com o Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da USP. “Quando o projeto amadureceu e passou a exigir um acompanhamento que não se coadunava com o perfil da empresa, uma job shop, tivemos que buscar parceiros”, diz Morato.

A produção do stent propriamente dito envolve recobrimento do equipamento com fármacos para evitar nova obstrução do vaso, e foi preciso buscar uma outra solução. A saída foi criar uma nova empresa, a Innovatech Medical, que, também com o apoio do PIPE, levou em frente o projeto de desenvolvimento dos stents processados a laser. O produto final, batizado com o nome de Cronus, é comercializado pela Scitech Medical, de Goiânia. “Quando acertamos a mão vendi a minha cota na Innovatech para o sócio de Goiânia e transferimos a tecnologia para a empresa. Voltei para a produção sob contrato, permanecendo exclusivamente na Lasertools”, diz Morato.

“Atualmente, estamos empenhados no desenvolvimento de válvulas aórticas”, ele acrescenta. Trata-se também de uma bioprótese, utilizada em patologias da válvula aórtica, como a estenose e a insuficiência cardíaca por calcificação.

O projeto contou com o apoio do PIPE entre 2013 e 2015, período durante o qual a Lasertools se capacitou para executar corte a laser de precisão de chapas e de tubos de ligas metálicas adequadas à produção dessa bioprótese. A principal inovação alcançada foi a substituição da tecnologia anteriormente utilizada, de corte por erosão a fio, pelo corte a laser de chapas planas, de maior precisão e mais rápida. “Paralelamente a essa pesquisa e desenvolvimento, continuamos fiéis à nossa missão de atuar como uma job shop, atendendo a demandas da indústria e até gravando brindes, tarefa que cabe à LaserTools Promocional, uma spin-off com instalações na região da rua 25 de Março, em São Paulo. “Conseguimos colocar o laser em tudo”, afirma Morato.

Lasertools
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