Empresa apoiada pela FAPESP fornecerá ventiladores pulmonares para o Ministério da Saúde
14 de abril de 2020Elton Alisson | Pesquisa para Inovação – A empresa paulista Magnamed assinou na quarta-feira (08/04) um contrato com o Ministério da Saúde para fornecer 6,5 mil ventiladores pulmonares até agosto de 2020.
O acordo visa atender ao aumento da demanda dos hospitais no país pelo equipamento, essencial para o tratamento de pacientes com COVID-19 em estado grave.
Para atingir essa meta, a Magnamed contará com parcerias com um grupo de empresas, composto pela Positivo, Suzano, Klabin, Embraer, Flextronics, Fiat Chrysler e White Martins.
“Sentimo-nos honrados em poder ajudar o país nesse momento. Isso só será possível graças às parcerias”, disse em nota à imprensa Wataru Ueda, CEO da Magnamed.
O ventilador pulmonar de emergência, batizado de OxyMag, foi desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), entre 2006 e 2012.
"A Magnamed ilustra os benefícios para a sociedade de se ter em São Paulo o ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], a USP [Universidade de São Paulo], o Cietec [Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia] e a FAPESP. Formar engenheiros nos melhores referenciais mundiais dá retorno social, apoiar pesquisa excelente dá retorno social e estimular pequenas empresas de base tecnológica dá retorno social. O estoque de capacitação tecnológica no Estado de São Paulo está se mobilizando de forma exemplar para contribuir no enfrentamento da crise pandêmica”, diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Acordo para a produção
A Positivo será responsável pelo fornecimento de placas para os ventiladores pulmonares. Já a Suzano auxiliará em questões de engenharia e na procura por fornecedores globais de insumos, além de prover capital de giro para a aquisição de componentes.
A Klabin, por sua vez, ficará responsável pela gestão de compras e importação dos componentes para a montagem dos ventiladores, além de fornecer as embalagens para o transporte dos aparelhos até os hospitais.
A Embraer, em conjunto com sete empresas da indústria aeronáutica no Brasil, buscará encontrar a melhor solução para aumentar a capacidade de produção. A experiência desse grupo de empresas em usinagem complexa permitirá produzir 5 mil componentes para os ventiladores até o fim de abril, estima a Magnamed.
Para a montagem dos ventiladores pulmonares, a Flextronics recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para criar uma linha de produção em sua fábrica em Sorocaba, no interior de São Paulo.
A Fiat Chrysler apoiará na identificação e eliminação de gargalos produtivos e no rastreamento de linhas de financiamento para a ampliação da capacidade de produção, e a White Martins será responsável pelo fornecimento de oxigênio para a fabricação e testes dos respiradores, além do projeto de engenharia e infraestrutura completa para o consumo do gás.
Da garagem para o mundo
A Magnamed fabrica anualmente 1,8 mil ventiladores, dos quais 40% são utilizados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
O ventilador pulmonar de emergência, desenvolvido com o apoio do PIPE-FAPESP, foi o pontapé para a transformação da empresa de startup, que começou em uma garagem, a empresa exportadora para mais de 60 países, de onde obtém 40% de sua receita, com fábrica própria nos Estados Unidos.
“O apoio da FAPESP foi extremamente importante na fase embrionária, quando éramos só empreendedores com muito know-how, mas sem os recursos necessários para todo o ciclo de desenvolvimento do produto”, disse Ueda em entrevista ao Pesquisa para Inovação, em abril de 2017.
A empresa foi fundada em 2005, quando Ueda e os também engenheiros Tatsuo Suzuki e Toru Kinjo decidiram sair de seus empregos em uma empresa de equipamentos médicos para inovar.
De acordo com o relatório “2020 Global ICU Ventilator Market Outlook”, a Magnamed é hoje uma das principais fabricantes mundiais de ventiladores pulmonares, ao lado de empresas como a Medtronic, Philips e a GE.
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