
Fabricante brasileira de ventiladores pulmonares quer aumentar presença no mercado norte-americano
20 de maio de 2025Elton Alisson | Agência FAPESP – No início de abril, uma equipe de inspetores da FDA, a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos, passou uma semana na fábrica da Magnamed em Cotia, na Grande São Paulo. O objetivo da visita foi realizar uma vistoria para renovar a certificação dos processos de fabricação de um modelo de ventilador pulmonar, batizado OxyMag, que a empresa brasileira já exporta para o país, cujo mercado é considerado estratégico para seus planos de crescimento.
“Os Estados Unidos representam mais de 30% do mercado global de ventilação mecânica. Temos operação montada e consolidada lá, onde há uma fábrica e um escritório comercial em Fort Lauderdale, na Flórida”, diz à Agência FAPESP Sidney Medeiros, diretor operacional da Magnamed.
A entrada da empresa no mercado norte-americano iniciou-se em 2017, com a comercialização do OxyMag para o segmento de medicina veterinária. Em 2023, a FDA aprovou o uso do ventilador pulmonar de transporte e emergência em saúde humana no país. O aparelho foi desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), entre 2006 e 2012 (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/2754).
Com a aprovação, após um processo que levou quatro anos e demandou mais de US$ 1 milhão em investimentos em laboratórios, consultores, protótipos, linha-piloto e viagens, a Magnamed tornou-se a primeira fabricante brasileira de ventiladores pulmonares com presença cativa nos Estados Unidos.
"Iniciaremos a fabricação do OxyMag para o mercado americano a partir do segundo semestre de 2025 com envio de kits semimontados do Brasil. Também temos uma área de customer service para atender às demandas e fornecer peças de reposição e manutenção dos equipamentos”, explica Medeiros.
Além do OxyMag, a empresa pretende obter a certificação e comercializar nos próximos anos no mercado norte-americano outros modelos de ventiladores pulmonares. Um deles, batizado de OxyMag Air, previsto para ser lançado em maio no Brasil, tem as mesmas características do OxyMag convencional, mas dispensa a necessidade de empregar cilindros ou redes de gás oxigênio.
“Essa característica é muito interessante especialmente para a área de transporte de pacientes que necessitam de ventilação mecânica [por ambulância, por exemplo]. Já iniciamos o processo de certificação desse produto nos Estados Unidos e temos a expectativa de obter a certificação em 2026”, afirma Medeiros.
Oportunidades de mercado
O executivo enxerga oportunidades de crescimento no mercado norte-americano especialmente nesse segmento de transporte de pacientes, em que a ventilação ainda é feita de forma muito simples, por meio de reanimadores ou ressuscitadores manuais do tipo ambu.
O dispositivo é uma espécie de bombinha que é afixada a uma máscara no rosto do paciente e a equipe de paramédicos controla a frequência para garantir minimamente o controle respiratório até a chegada da ambulância a um hospital.
“O mercado americano utiliza muito o ambu e produtos pneumáticos, ainda com pouca tecnologia. Acreditamos que nossos equipamentos, como o OxyMag, podem atender a uma demanda crescente lá por produtos mais modernos, leves e versáteis”, avalia Medeiros.
Um dos diferenciais dos modelos de ventiladores produzidos pela empresa, como o OxyMag Max 300, também em processo de certificação pela FDA, é que eles podem ser empregados tanto no transporte do paciente a um hospital como durante a internação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), afirma o especialista.
“Esse produto tem todos os modelos ventilatórios necessários para garantir a preservação da vida durante o transporte até um hospital e a permanência em um leito de UTI, sem a necessidade de fazer a transição de um modelo de ventilador mecânico para outro”, compara Medeiros.
A empresa comercializa o OxyMag nos Estados Unidos por meio de distribuidores, como é praxe no mercado norte-americano de produtos médicos e hospitalares.
Novos competidores
Após a pandemia de COVID-19, surgiram mais de 90 novas marcas de ventiladores pulmonares – com maior predominância de oriundas da China –, ávidas por conquistar uma fatia desse mercado, com faturamento anual estimado em mais de US$ 6 bilhões. A maioria delas, contudo, desapareceu por desconhecimento das características desse setor, avalia Medeiros.
“Esses novos competidores, principalmente chineses, entraram nesse mercado com uma estratégia de preço mais agressiva e acharam que as barreiras não seriam tão grandes. Mas alguns países, como o Brasil, têm um processo de certificação de produtos médicos extenso e bastante rigoroso. Além disso, eles achavam que a demanda por esses produtos ia ser exponencial e se manter por muito tempo, mas isso não aconteceu”, diz.
Até a pandemia de COVID-19, a Magnamed produzia 150 equipamentos por mês. Com o surgimento do vírus SARS-CoV-2 e o aumento de casos graves da doença, a empresa foi procurada pelo Ministério da Saúde para fornecer mais de 5 mil ventiladores pulmonares para serem distribuídos a hospitais públicos do país. A entrega das encomendas só foi possível por meio de parcerias com indústrias, como a Positivo, a Embraer e a Flextronics, entre outras (leia mais em pesquisaparainovacao.fapesp.br/1347).
“Se a empresa fosse produzir da forma que fazia antes, demoraria alguns anos para entregar a quantidade de ventiladores necessários para atender à demanda apresentada durante a pandemia. A parceria com essas empresas foi fundamental”, avalia Gustavo Junqueira, sócio e diretor de operações da KPTL, gestora de investimentos em capital de risco que aportou recursos na Magnamed no início da empresa, em 2008.
Outro fator que permitiu à empresa aumentar a escala de produção foi a robustez na qualidade de engenharia, avalia o executivo. “Os processos são tão bem controlados e documentados que, no momento em que foi necessário escalar a produção, a Magnamed não teve tanta dificuldade”, conta.
Envelhecimento da população
Passada a pandemia, o mercado de ventiladores pulmonares tem crescido de maneira orgânica. Segundo Medeiros, um dos fatores que têm impulsionado a demanda por esse tipo de equipamento é o envelhecimento da população mundial.
“Entendemos que, cada vez mais, aumentará a demanda por aparelhos médicos para suporte à vida, porque as pessoas estão vivendo mais. Também enxergamos oportunidades em home care, que é uma tendência enorme no mundo, mas tem de ser mais bem estruturado no Brasil”, avaliou.
De acordo com o executivo, 70% dos insumos utilizados na fabricação dos ventiladores pulmonares, como resinas plásticas, placas eletrônicas e peças de usinagem, são nacionais. Os outros 30%, que englobam dois componentes específicos, como válvulas, são produzidos por parceiros internacionais.
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