Grupo de 15 empreendedores com projetos apoiados pelo PIPE será o terceiro enviado pela FAPESP para participar do programa de treinamento (foto: Elton Alisson/Agência FAPESP)

Pequenos empresários aprendem a comercializar tecnologias durante capacitação na Inglaterra

16 de novembro de 2016

Um grupo de 15 pequenos empresários do Estado de São Paulo viajará na última semana de novembro para Londres (Inglaterra) para participar de um programa de treinamento voltado a capacitá-los para comercializar as tecnologias e inovações que estão desenvolvendo por meio de projetos apoiados pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.

Eles foram selecionados para participar do programa Leaders in Innovation Fellowships (LIF), oferecido pela Royal Academy of Engineering, da Inglaterra, em parceria com a FAPESP no âmbito do Newton Fund – fundo de fomento à pesquisa e inovação em países emergentes do governo do Reino Unido.

O grupo de 15 empreendedores com projetos apoiados pelo PIPE será o terceiro enviado pela FAPESP para participar do programa de treinamento.

No início de 2015, uma turma com 28 empresários, também com projetos apoiados pelo PIPE, foi selecionada pela coordenação do programa para participar do curso. E, no final de novembro de 2015, uma segunda turma, composta por 15 pesquisadores com projetos PIPE, realizou o treinamento (leia mais em: agencia.fapesp.br/22322).

Alguns dos participantes das duas primeiras turmas do treinamento e os integrantes do próximo grupo participaram, no dia 8 de novembro, de um evento de integração de bolsistas do LIF, promovido pelo Consulado Geral Britânico em São Paulo e a FAPESP.

“O Programa PIPE da FAPESP financia atualmente cerca de 200 projetos que estão em curso. E esse número vem crescendo”, disse Fábio Kon, membro da coordenação adjunta de Pesquisa para Inovação da FAPESP, durante o encontro.

“Há grandes cientistas e tecnólogos com projetos apoiados pelo PIPE que desenvolvem tecnologias e pesquisas muito interessantes, mas que muitas vezes têm dificuldade para introduzi-las no mercado e desenvolver seus modelos de negócios. São exatamente essas lacunas que esse programa de treinamento ajuda a preencher”, avaliou Kon.

Com duas semanas de duração, o programa da Royal Academy of Engineering tem o objetivo de capacitar jovens pesquisadores e potenciais empreendedores de países em desenvolvimento em vias de comercializar novas tecnologias criadas a partir de suas pesquisas.

Na primeira semana do programa, os participantes receberão um treinamento em modelagem de negócios por especialistas independentes, com forte histórico de atuação em empreendedorismo em tecnologia e em startups – empresas nascentes de base tecnológica.

Já na segunda semana, participarão de sessões de treinamento em negociação, liderança, finanças, regulação de mercado, apresentação em público do próprio negócio (pitching), negociação e habilidades de comunicação e enfrentarão um desafio real de mercado apresentado por uma empresa britânica.

A ideia é que, ao final do curso, os participantes desenvolvam um plano de comercialização para suas inovações, com apoio de especialistas, e que tenham acesso a uma rede internacional de inovadores e mentores para colocar seus modelos de negócios em prática.

“O treinamento promove uma mudança de mentalidade e me estimulou a desenvolver um modelo de comercialização da tecnologia que estamos criando não só para o Estado de São Paulo ou para o Brasil, mas global”, disse Rogério Junqueira Machado, diretor da empresa Reciclapac, que integrou a segunda turma do curso, à Agência FAPESP.

A empresa está desenvolvendo por meio de um projeto apoiado pelo PIPE uma tecnologia para reúso de embalagens descartáveis por empresas de setores como o automotivo, com o intuito de reduzir os resíduos e as emissões de carbono.

Durante o treinamento, Machado ganhou o prêmio de melhor apresentação de ideia de negócio (pitch).

“Uma das sugestões que os mentores do programa de treinamento deram foi que eu deveria contatar pessoas com grande experiência de mercado, como ex-executivos de grandes empresas, que pudessem atuar como uma espécie de embaixador do meu negócio, abrindo portas no mercado”, disse Machado.

“Em razão dessa sugestão, eu criei um conselho de administração voluntário, composto por empresários e executivos das áreas jurídicas, de vendas e finanças, para me auxiliar na gestão da empresa”, afirmou.

Potencial de mercado

Os bolsistas são selecionados para o programa com base em critérios como a excelência de seus projetos de pesquisa e o potencial de mercado das tecnologias e inovações que estão desenvolvendo.

A maioria dos selecionados coordena projetos que estão na fase 1 do PIPE – em que deve ser demonstrada a viabilidade tecnológica de suas ideias.

Um dos selecionados para a turma atual foi o engenheiro de materiais Bruno Henrique Ramos de Lima.

Egresso da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde fez mestrado e doutorado, Lima fundou com outros dois sócios uma startup voltada a produzir, com preço mais acessível, partículas e materiais em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro) fabricadas hoje no exterior e cujo preço é impraticável para empresas no país interessadas em utilizá-las em seus produtos.

Algumas dessas nanopartículas de óxido de molibdênio, ferro, titânio e zircônio, por exemplo, estão sendo aplicadas em células solares orgânicas.

“Nós já conseguimos produzir em escala algumas nanopartículas e nanomateriais a um preço muito mais baixo do que os praticados no mercado internacional. Mas a elaboração de um modelo de negócios ainda representa um desafio para nós”, avaliou Lima.

“O treinamento deve nos ajudar a entender como abordar melhor potenciais clientes e elaborar um plano de negócios que possa atrair investidores”, estimou.

As passagens e outras despesas de participação no treinamento são pagas pela Royal Academy of Engineering. A contrapartida da FAPESP é o apoio aos projetos dos participantes por meio do PIPE.

“É sempre uma honra para nós promovermos eventos em parceria com a FAPESP”, disse Joanna Crellin, consulesa-geral do Reino Unido em São Paulo, durante o evento. “Já fizemos mais de 30 parcerias com a FAPESP em diferentes áreas de ciência, tecnologia e inovação”, estimou.

Também participou do encontro Patrick Shipp, chefe do departamento das Américas e mercados desenvolvidos para ciência global e inovação do departamento para os Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS) do Governo Britânico.