Clientes terão acesso a dados obtidos por meio de imagens ópticas, coletadas com quatro e oito bandas espectrais, e de radar, nas bandas C e L (imagem: Três Lagoas (MS), 10/2018/Satélite Sentinel-1 Radar Banda C/ESA)

Tecnologia de inventários florestais utilizará sensoriamento remoto orbital

23 de outubro de 2018

Claudia Izique  |  Pesquisa para Inovação – A Visiona Tecnologia Espacial, uma joint-venture entre a Embraer Defesa e Segurança e a Telebras, associou-se à canadense Tesera System Inc. para juntas desenvolverem um sistema de inventários florestais para empresas brasileiras de papel e celulose, baseado em sensoriamento remoto orbital utilizando imagens ópticas e de radar.

O projeto foi selecionado em edital da FAPESP e do National Research Council Canada (NRC). Em sua implementação, a Visiona terá apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e a Tesera, do Canadian International Innovation Program (CIIP).

O principal mercado para a tecnologia é a indústria de papel e celulose que utiliza equipes em campo para inventariar fragmentos florestais de algo em torno de 2,7 milhões de hectares de área plantada pelo menos uma vez por ano e, assim, avaliar a composição da floresta e sua potencialidade para o manejo.

“O sistema tradicional é intensivo de mão de obra, já que a coleta de dados é feita de forma extensiva, ainda que amostral, e exige de grandes empresas a constituição de departamentos dedicados à interpretação desses inventários. O uso de sensoriamento remoto e de algoritmos e cálculos matemáticos reduz o trabalho em campo, com economia de dinheiro e de tempo, e permite que as informações sejam entregues de acordo com as especificações de cada cliente”, afirma Cleber Gonzales de Oliveira, diretor da área de Contratos e Desenvolvimento de Negócios da Visiona.

O projeto soma a expertise da Visiona, que já oferece ao mercado uma variedade de dados de sensoriamento remoto orbital que inclui imagens ópticas e diferentes bandas de radar (X, C e L), com a da Tesera, que utiliza tecnologia baseada numa combinação de LiDAR (Light Detection and Ranging), que utiliza pulsos laser, com imagens nas faixas do visível e infravermelho, que são analisadas por meio de técnicas de aprendizado de máquina para a indústria florestal canadense. “Observamos, quantificamos e avaliamos o volume da floresta, o número de árvores e até mesmo a composição de espécies de uma área”, explica Julianno Sambatti, da Tesera.

A Visiona e a Tesera apresentaram o projeto a potenciais clientes brasileiros – Klabin, Suzano, Fibria, entre outros – e estrangeiros, em abril deste ano, durante a Expoforest 2018, em Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo. “Nas primeiras três horas não paramos de falar com brasileiros, argentinos, uruguaios e peruanos”, lembra Sambatti. “O interesse foi muito grande. Estamos negociando com duas grandes empresas o compartilhamento de dados em campo para modularmos um serviço de acordo com suas demandas”, adianta Oliveira.

Os clientes terão acesso a dados obtidos por meio de imagens ópticas, coletadas com quatro e oito bandas espectrais, que informarão, por exemplo, sobre a saúde das plantas ou a produção esperada; e de radar, nas bandas C e L, na qual a segunda banda tem a capacidade de penetrar na estrutura da floresta até o solo, permitindo assim determinar a altura da vegetação. “Integrando as informações ópticas e de radar, será possível calcular o volume de madeira por talhão”, explica Oliveira. A área mínima de cobertura para cada unidade do projeto de pesquisa será de 10 mil hectares. A expectativa das duas empresas é concluir o projeto até julho de 2019.

Mercado global

A Visiona, com 50 funcionários, foi criada em 2012 para operar como integradora de sistemas espaciais, notadamente do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), lançado em 2017 no âmbito do programa Internet para Todos.

“Em 2015, por decisão de seu Conselho de Administração, a empresa passou a atuar também na área de observação da Terra”, explica o diretor da área de Contratos e Desenvolvimento de Negócios da Visiona. A empresa, que já era capacitada na área de telecomunicações, deu um passo na direção de coletar imagens por satélite, firmando acordos com seis operadoras mundiais – Airbus Defence and Space, DigitalGlobe, MDA, SI Imaging Services, Restec e Urthecast.

“Começamos a oferecer soluções de sensoriamento remoto para as áreas de agricultura, meio ambiente, óleo e gás, entre outras”, conta Oliveira. A Petrobras, ele exemplifica, utilizou os serviços da Visiona para o monitoramento de campos de petróleo.

A Tesera, com 25 anos e 20 funcionários, oferece seu High Resolution Inventory Solution (HRIS) para o setor florestal canadense, por meio de consultorias, serviço em nuvem e analítica de dados, serviço Software as a Service (SaaS), entre outros. “Queremos agora ampliar o mercado a partir de uma gama maior de produtos e serviços”, afirma Sambatti, da Tesera.

Sambatti e Oliveira acreditam que o produto em desenvolvimento pelas duas empresas é uma “inovação para o mercado global”. Num primeiro momento, o foco é a indústria de papel e celulose e o mercado sul-americano. “Mas dá para pensar também nos mercados da África e Ásia”, sublinha Oliveira.

Desde São José dos Campos ou de Alberta, as duas empresas vão utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação para trabalhar juntas e intercambiar dados. Sambatti, aliás, conhece bem o Brasil: engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, e Ph.D. em Ecologia pela Universidade da California em Davis, foi bolsista da FAPESP e trabalhou na Bradar, em São José dos Campos, empresa incorporada posteriormente pela Embraer Defesa e Segurança, antes de se mudar definitivamente para o Canadá.

Visiona Tecnologia Espacial
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