Startups se preparam para o mercado
23 de maio de 2017Os últimos três meses foram particularmente agitados para a equipe da Hoobox Robotic, startup que desenvolve tecnologia que traduz expressões faciais em comandos para controle de cadeira de rodas.
Junto com outras 21 empresas com projetos aprovados na Fase 1 do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da FAPESP, a Hoobox foi selecionada para participar do 3º Programa de Treinamento de Empreendedores de Alta Tecnologia – mais conhecido como PIPE Empreendedor.
“O objetivo do Programa é aumentar as chances de sucesso das empresas apoiadas pelo PIPE”, resumiu Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, no encontro de encerramento do Programa em 9 de maio, quando as empresas participantes fizeram um balanço do impacto do Programa sobre o plano inicial de negócio.
Foram quase três meses de treinamento intenso, desde 14 de março, durante os quais as 21 startups elaboraram e validaram – com base em entrevistas e mentorias – seus projetos e estratégias para ganhar mercado.
A equipe da Hoobox, por exemplo, realizou 106 entrevistas. “Constatamos que precisávamos incluir os profissionais de saúde como influenciadores na decisão de clientes de adquirir Whellie e Gimme”, afirma Paulo Gurgel Pinheiro, CEO da empresa, referindo-se às tecnologias robóticas que traduzem um arquear de sobrancelhas, por exemplo, em comandos que acionam cadeiras de rodas. Durante o treinamento, a empresa também validou a estratégia de escolher como primeiro mercado a Califórnia, estado norte-americano com a rede mais ativa de veteranos de guerra, clientes potenciais e principais influenciadores da tecnologia desenvolvida pela empresa.
Durante o período de treinamento, em abril, a Hoobox foi aceita pela Startup Farm, aceleradora de startups com potencial de “gerar disrupção em seus mercados”. Com isso, a Hoobox, até então instalada em Campinas, ganhou um período de “residência” de seis meses no Google Campus São Paulo, mantido pelo Google for Entrepreneurs.
Validando o plano de negócio
O treinamento oferecido pelo PIPE Empreendedor também foi crucial para a Ziel Bioscience rever seu plano de negócios. A empresa, que desenvolve um teste rápido para auxiliar no rastreamento inicial de câncer de colo de útero, identificava como principais clientes os gestores de saúde pública, no âmbito do SUS.
Depois de uma centena de entrevistas, reavaliou o plano inicial e voltou a atenção para as empresas de diagnósticos e para mercados fora do país, como África, Índia, Peru e Colômbia. “O treinamento abriu nossa cabeça. Descobrimos também que o projeto tem forte apelo social e isso, abre perspectivas de buscar funding em organizações internacionais”, afirmou Daniela Baumann Cornelio, pesquisadora principal do projeto.
A Eccaplan teve aprovado no PIPE 1 projeto de avaliação da viabilidade técnico-econômica de um sistema automatizado de compostagem acelerada, de baixo custo, para a conversão de resíduos orgânicos em adubo ou biogás. Foram feitas entrevistas com quase uma centena de potenciais grandes clientes – shoppings centers, hospitais, entre outros – para os quais a gestão de resíduos é obrigação legal. Ao final, constatou-se que o projeto do biogás deverá ficar para “mais tarde”, já que o mercado deixou clara a preocupação com armazenamento e riscos de incêndio.
A cada edição do PIPE Empreendedor 21 empresas têm a oportunidade de cotejar o seu produto e modelo de negócio com as demandas do mercado para seguir em frente, adequar ou redefinir a proposta original.
O treinamento tem como base o programa I-Corps, conduzido pela National Science Foundation (NSF) e concebido pelo Prof. Steve Blank, referência mundial nas abordagens Lean Startup e Customer Development.
Na 1ª edição do Programa, realizada no primeiro semestre de 2016, a FAPESP teve a parceria da George Washington University (GWU). Na segunda edição, realizada no segundo semestre do ano passado, o treinamento se tornou uma atividade regular do PIPE. Em 2017 estão programados três treinamentos e, em 2018, estão previstas quatro edições, num total de 84 empresas. A meta é capacitar cerca de metade dos 170 projetos do PIPE Fase 1 apoiados pela FAPESP a cada ano.
O PIPE Empreendedor é coordenado por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, tendo Flavio Grynszpan, Marcelo Nakagawa e Hélio Marcos Machado Graciosa como adjuntos.
Para ver o vídeo sobre o PIPE Empreendedor, clique aqui.
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