FAPESP apresenta oportunidades do PIPE para investidores
03 de maio de 2022Elton Alisson | Agência FAPESP – A FAPESP realizou na quinta-feira (28/04) o evento PIPE para Investidores. O objetivo do encontro dirigido a uma plateia qualificada de 120 inscritos – representando fundos de investimento, gestores, corporate ventures, grandes empresas, hubs e habitats – foi apresentar mudanças recentes introduzidas no Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) para aumentar a atratividade das empresas beneficiadas junto aos atores financeiros do ecossistema de inovação.
“Desde 1998, o PIPE já apoiou quase 1,8 mil pequenas empresas inovadoras, com uma média de desembolso da ordem de R$ 75 milhões por ano entre 2017 e 2021”, disse Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.
“Os recursos para a realização de projetos no âmbito do PIPE, que podem chegar a R$ 1,3 milhão, são não reembolsáveis, ou seja: a FAPESP não objetiva retorno financeiro com o PIPE. O retorno que almejamos é a geração de empregos, pagamento de tributos e o desenvolvimento da sociedade gerados pelos projetos apoiados”, afirmou Mello.
Uma das novidades recentes no PIPE-FAPESP foi a criação do PIPE Invest, modalidade de apoio em que, havendo interesse de uma terceira parte, pública ou privada, em realizar investimento em uma empresa participante do programa, a FAPESP se dispõe a aportar montante equivalente, visando acelerar e concluir atividades de pesquisa e, consequentemente, abreviar etapas no acesso ao mercado.
As empresas com projeto PIPE Fase 1 (de análise de viabilidade técnico-científica) ou Fase 2 (de desenvolvimento do projeto de pesquisa) vigente ou encerrado há, no máximo, três anos e que comprovarem a adesão de parceiro privado ao projeto, com aporte de recursos acima de R$ 100 mil, podem receber, por meio do PIPE Invest, recursos suplementares, com valor máximo idêntico ao captado pelo investimento privado, limitado a um teto de R$ 1 milhão por um período de até 24 meses.
Os recursos aportados pela FAPESP por meio do PIPE Invest deverão ser utilizados pela empresa na aceleração de seu programa de pesquisa, segundo o plano de trabalho e as regras estabelecidas pela Fundação para o PIPE. Já os captados por meio de investimento privado poderão ser usados a critério da empresa e do investidor, visando o sucesso do projeto e da empresa no mercado.
“A FAPESP fará o acompanhamento desse processo de match funding, em que poderá aportar até R$ 1 milhão adicional, cabendo à empresa proponente demonstrar que captou recursos privados equivalentes”, afirmou Mello.
Outra mudança recente no PIPE foi a revisão de sua política de propriedade intelectual. Pelas novas regras, tanto empresas participantes como aquelas já egressas do PIPE continuam a deter exclusivamente os direitos legais de propriedade intelectual dos resultados das pesquisas financiadas, porém sem participação da Fundação e/ou necessidade de contrapartidas (leia mais em https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/2172).
“A propriedade intelectual e todos os benefícios auferidos por meio dos projetos apoiados serão das empresas”, disse Mello.
Outra novidade importante foi o lançamento do PIPE Simples – programa-piloto com submissão simplificada entre 15 de março até 15 de junho de 2022, período em que propostas para a Fase 1 do PIPE poderão ser submetidas com documentação restrita.
As propostas poderão ser submetidas com apenas um plano de pesquisa em formato padrão, com até 22 páginas, descrição da equipe participante do projeto e currículos dos consultores que serão subcontratados.
“O objetivo é ter um turn over mais rápido e conseguir aumentar a taxa de sucesso, além de diminuir os gargalos que muitas vezes existem nas etapas iniciais dos projetos”, explicou Mello.
Celeiro de deep techs
Dada a sua natureza – de apoio financeiro ao enfrentamento e superação de um desafio científico ou tecnológico –, o PIPE é utilizado sobretudo por startups de base tecnológica, também conhecidas como deep techs. Por isso, tem se tornado um celeiro dessas empresas que desempenham hoje papel importante em mercados variados e que mantêm em comum a elevada densidade tecnológica de seus produtos e serviços. Entre eles, medicamentos, vacinas e equipamentos hospitalares, implementos para o agronegócio e sistemas aeroespaciais.
“Além do investimento-âncora, a FAPESP, por meio do PIPE, contribuiu com o Fundo de Inovação Paulista ao prover o pipeline mais qualificado de startups que já tivemos”, disse Francisco Ignácio Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, gestora dos recursos do fundo de inovação tecnológica lançado em 2014, com recursos da ordem de R$ 150 milhões para investir em empresas no Estado de São Paulo.
Além da FAPESP, o fundo conta com o apoio e recursos do Desenvolve SP, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e Jive Investments.
“Percebemos que há uma lacuna pós-PIPE e antes de a empresa escalonar que é muito interessante para investidores”, afirmou Jardim.
Uma das startups oriundas do PIPE-FAPESP apoiadas pelo Fundo de Inovação Paulista foi a Nexxto. Com apoio do PIPE, a empresa paulista focada em soluções de internet das coisas (IoT) desenvolveu uma solução de rastreamento de ativos em tempo real baseado em tecnologia de RFID (do inglês radio frequency identification ou identificação por radiofrequência) (leia mais em https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/217).
“Esse projeto foi fundamental para desenvolvermos nossa primeira solução, trazer os primeiros recursos e criar uma solução tecnológica com a qual conseguimos entrar no mercado e gerar nossas primeiras receitas”, disse Antonio Rossini, co-CEO da Nexxto.
O PIPE também desempenhou papel semelhante para a InCeres, empresa situada em Piracicaba (SP) que utiliza inteligência artificial para prever a fertilidade do solo com base em entradas e saídas de nutrientes, também apoiada pelo Fundo de Inovação Paulista.
“Concluímos dois projetos PIPE Fase 2 e estamos com outro vigente. Esses projetos foram muito importantes para conseguirmos estruturar e desenvolver nossa tecnologia para levá-la ao mercado”, afirmou Leonardo Menegatti, CEO da InCeres (leia mais em https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/625).
Os projetos selecionados pelo PIPE-FAPESP devem ser realizados majoritariamente nas empresas, sublinhou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.
“Queremos que a pesquisa seja feita na empresa, ou seja, que as coisas essenciais não sejam terceirizadas, contratadas fora. Pretendemos desenvolver uma cultura de inovação dentro de pequenas empresas”, afirmou.
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