Brasil poderá ser polo gerador de tecnologias para uso de gás natural
04 de outubro de 2016O Brasil poderá se tornar um polo gerador de tecnologias que levem ao uso mais eficiente do gás natural, combustível que tem a queima mais limpa entre os de origem fóssil.
Esse é o objetivo que levou à criação do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural (Research Centre for Gas Innovation – RCGI, na sigla em inglês), no fim de 2015. O Centro é uma parceria da FAPESP com a Shell, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), os institutos de Energia e Ambiente e de Química da USP de São Carlos, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a Faculdade de Direito da USP e outras universidades e instituições de pesquisa paulistas.
“Nossa expectativa é fazer do RCGI um centro de pesquisa de classe mundial que produza tecnologia competitiva globalmente. Isso será feito por meio da combinação da pesquisa realizada no RCGI e no Sustainable Gas Institute – uma iniciativa da Shell com o Imperial College London – com a feita nos laboratórios da Shell, em um sistema de open innovation [inovação aberta]”, disse Giancarlo Ciola, gerente regional de Colaborações para Pesquisa e Inovação da Shell.
De acordo com Ciola, a parceria com a FAPESP e as universidades, que possibilitou a constituição do RCGI, é a mais ampla da empresa no país. Ele destaca que antes de ser adquirido pela Shell, em janeiro deste ano, o grupo BG já tinha parcerias com outras universidades e instituições de pesquisa no Brasil. “Nossa expectativa é que as pesquisas junto com o meio acadêmico no país cresçam muito mais a partir da combinação do BG Group com a Shell.”
Um dos benefícios que o executivo enxerga nessa interação é a oportunidade de identificar mais rapidamente – e de forma colaborativa – ideias e soluções surgidas a partir da pesquisa fundamental que possam acelerar o desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias em operações industriais.
Em contrapartida, a proximidade de pesquisadores de universidades e institutos com os da Shell possibilita realizar pesquisa aplicada e formar recursos para melhor atender a demandas do mercado, entre outros benefícios, de acordo com Julio Meneghini, professor da Poli-USP e diretor do Centro.
Meneghini divide a coordenação do RCGI com Alexandre Breda, gerente do Programa de Sustentabilidade do Gás da Shell. Ambos monitoram uma carteira de 28 projetos conduzidos por pesquisadores das universidades parceiras com o acompanhamento de pesquisadores da empresa.
“A parceria possibilita trazer para a universidade os problemas científicos e tecnológicos com os quais a empresa está lidando. Além disso, nos permite ter um contato direto com pesquisadores da Shell, que têm longa experiência com os tópicos de pesquisa com os quais estamos trabalhando no RCGI”, afirmou Meneghini.
Algumas das questões investigadas pelos cientistas do Centro estão relacionadas à separação e ao transporte de gás natural a partir da bacia do pré-sal de Santos até a costa. O gás natural contido na camada do pré-sal tem alto conteúdo de dióxido de carbono (CO2), o que o torna semelhante a um biogás, segundo Meneghini.
A fim de purificá-lo e conseguir transportá-lo para a costa, os pesquisadores do RCGI avaliam diferentes rotas tecnológicas para separação de CO2 da corrente de gás natural.
A Shell tem uma longa história de inovação na cadeia do gás natural como, por exemplo, uma instalação flutuante para liquefação de gás natural – a Prelude FLNG – capaz de processar o gás natural em alto mar e transformá-lo em gás natural liquefeito para ser armazenado e enviado para diferentes mercados.
O Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural é um dos Centros de Pesquisa Aplicada Colaborativa resultantes de parcerias ousadas entre a FAPESP, empresas, universidades e institutos de pesquisa em São Paulo. Com duração de até 10 anos, esses Centros focam em desafios de pesquisa científica e tecnológica de grande impacto econômico e social. Os Centros se constituem no âmbito do Programa FAPESP Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica.
Leia mais: Estudo avalia a viabilidade do uso de gás natural no setor marítimo brasileiro
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