
Sistema de gestão inteligente dimensiona e controla estoques em tempo real
11 de março de 2025Roseli Andrion | Pesquisa para Inovação – O dia a dia da maioria das empresas passa pelo controle de estoques. Pode ser um hotel, um hospital, uma fabricante de automóveis: a necessidade de administrar esses recursos é igualmente crucial para o desempenho das atividades de cada um desses empreendimentos.
Para facilitar essa tarefa, a startup E-Lean desenvolveu uma solução com inteligência analítica e retroalimentação contínua de dados para otimizar o dimensionamento e o controle de estoques em tempo real. O projeto tem apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.
A ferramenta funciona como um supermercado no metaverso e as quantidades de produtos disponíveis nas prateleiras virtuais são automaticamente dimensionadas em tempo real com base em diferentes fatores, como comportamento da demanda, desempenho operacional interno e possíveis atrasos de fornecedores, entre outros. “O sistema redimensiona de forma ágil e automática os níveis de estoques e os lotes de reabastecimento com inteligência analítica e retroalimentação contínua de dados”, explica Ricardo Renovato Nazareno, sócio-diretor da E-Lean.
A solução tem como base os princípios do Sistema Toyota de Produção, conhecido pela eficiência na gestão de estoques. Diferentemente das ferramentas tradicionais, que fazem principalmente o controle de saldos, entradas e saídas, a opção da E-Lean enfatiza os processos de dimensionamento e planejamento ao responder perguntas como “que tipos de estoque compensam?” e “quais são as quantidades ideais?”. “Ainda existem empresas que dimensionam o estoque de forma esporádica, com verificação a cada três meses, por exemplo”, diz o engenheiro de produção.
O conceito, embora tenha sido criado por uma fabricante de automóveis, pode ser aplicado em outros segmentos econômicos. “Serve para controle de estoque de medicamentos e materiais hospitalares em hospitais, para controle de estoque de alimentos e bebidas em resorts e é útil para qualquer outro empreendimento que faça gestão de estoques”, diz Nazareno.
Apoio para consultoria
A E-Lean é a vertente digital da Hominiss Solutions, que existe desde 2002. Em projetos de consultoria, os especialistas perceberam a necessidade de ter uma ferramenta tecnológica, já que muitas empresas usavam planilhas para dimensionamento e controle de estoques em razão das lacunas nos sistemas ERP tradicionais. “Percebemos que havia a oportunidade de desenvolver um produto que pudesse ser integrado aos ERPs para preencher essas lacunas”, conta Nazareno.
Essa capacidade de integração permite que as empresas adquiram apenas a funcionalidade específica de planejamento e controle do nível dos estoques e, assim, não precisem trocar todo o sistema já em uso. “Com o estoque mais bem dimensionado, a empresa não perde vendas por falta de produto e ainda garante melhor fluxo de caixa porque não vai ter itens que não precisaria ter em quantidade excessiva.”
Inteligência analítica avançada
Na solução, a tomada de decisões considera múltiplas variáveis. “A capacidade de análise humana é limitada. No fim da etapa atual do projeto PIPE, a ferramenta vai processar diversas informações de forma automática e simultânea — isso inclui, entre outros, variações no comportamento da demanda, desempenho operacional interno e possíveis atrasos de fornecedores. No futuro, pretendemos que ela considere também o impacto de outros fatores externos, como variações climáticas, cotação do dólar, comportamento do turismo, entrada de novos fornecedores e produtos disponíveis no mercado”, explica Angela Rossi Nazareno, engenheira de produção e gerente de soluções tecnológicas da E-Lean.
Um exemplo prático das possibilidades dessa capacidade de análise ocorreu durante surtos recentes de viroses em cidades litorâneas do Estado de São Paulo. “Muitas farmácias no Guarujá e em outras praias ficaram sem remédios para diarreia e mal-estar. Essa situação se repete todo ano e representa tanto perda de oportunidade de vendas quanto falta de atendimento à população”, relata Nazareno.
Em um cenário como esse, a solução pode monitorar ativamente o comportamento real de vendas e consumo para alertar sobre divergências. “Se você dimensiona o estoque para vender 20 unidades, mas na prática vende 25 ou 15, o sistema sugere uma reavaliação dos fatores de dimensionamento. À medida que o comportamento real acontece, a solução informa se há diferenças.”
Além disso, o software ajuda a garantir a disponibilidade dos produtos certos no momento adequado, de modo a evitar perdas de vendas, e a otimizar o fluxo de caixa ao prevenir o excesso de produtos em estoque. “Nossas implementações têm demonstrado que é possível entregar mais rápido e com menos custo, características que antes eram consideradas antagônicas.”
A engenheira de produção aponta que o sistema contribui para o aumento da produtividade em processos produtivos. “Estoques intermediários bem dimensionados garantem que a empresa tenha o produto que precisa para produzir na hora certa. Assim, não precisa parar uma máquina porque falta algo”, diz. “Isso evita reprogramações por falta de componentes, que afetam a produtividade e a eficiência operacional”, completa Nazareno.
Diferencial de mercado
A E-Lean tem se concentrado prioritariamente no segmento de médias empresas, depois que um estudo com mais de 100 empreendimentos demonstrou uma lacuna no setor. “Identificamos que grandes software houses desenvolvem produtos similares ou até mais complexos, mas não havia uma solução mais simples e acessível para empresas que não têm grandes equipes de analistas de dados”, destaca Angela.
O projeto já prevê evolução gradual das funcionalidades do sistema. “Em um primeiro momento, vamos usar dados internos da empresa, mas posteriormente pretendemos incorporar informações externas, como temperatura, previsão do tempo e outras”, adianta Angela. “Assim, cada empresa vai poder personalizar os fatores mais relevantes para seu negócio. Queremos chegar a um nível de refinamento que considere que, se o verão for mais quente e a cotação do dólar estiver alta, haverá mais turistas no litoral e, consequentemente, mais lixo e mais doentes. Com base nessas informações, vai ser possível tomar decisões melhores.”
(imagem de Andres Prada Garcia em Pixabay)
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