Deep techs participantes da FAPESP Week Spain prospectam oportunidades de parcerias e potenciais investidores no mercado europeu (foto: Elton Alisson/Agência FAPESP)

Startups apoiadas pelo PIPE-FAPESP buscam aumentar a internacionalização

03 de dezembro de 2024

Elton Alisson, de Madri | Pesquisa para Inovação– Na última semana de novembro, a agenda de quatro pesquisadores fundadores de startups de base científica e tecnológica (deep techs) apoiadas pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP foi reservada para visitas a hubs de inovação tecnológica, aceleradoras, além de potenciais parceiros e investidores na capital espanhola. Eles participaram de uma missão empresarial durante a FAPESP Week Spain, que terminou no dia 28 de novembro na Universidade Complutense de Madri (UCM).

“A participação no evento dessas quatro startups financiadas pela FAPESP representa uma oportunidade para mostrar que não só a ciência, mas também a inovação é muito importante. Gostaríamos de discutir com as agências de fomento daqui a oportunidade de aumentarmos a colaboração também nesse tema”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

Para os representantes das startups, a missão empresarial representou uma oportunidade de ampliar seus planos de internacionalização e ingressar em novos mercados.

O fundador da Onkos Diagnósticos MolecularesMarcos Tadeu dos Santos, por exemplo, aproveitou a viagem para estabelecer contatos com hospitais, clínicas e laboratórios espanhóis interessados em utilizar um teste molecular para diagnóstico e prognóstico de tumores de tireoide que já é comercializado em mais de 30 países (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/2824).

Apesar de a European Thyroid Association (ETA) indicar o uso de testes moleculares para fechar o diagnóstico de nódulos de tireoide classificados como indeterminados, como o desenvolvido pela Onkos, essa solução ainda não está disponível no continente europeu. Há apenas uma empresa, localizada na Alemanha, que desenvolveu uma tecnologia também voltada para essa finalidade, mas que, ao contrário da healthtech brasileira, não tem estudos de validação do método publicados e o teste requer uma nova biópsia em casos indeterminados – o que a metodologia desenvolvida pela Onkos dispensa, afirmou Santos.

“É por isso que estamos aqui”, disse o pesquisador. “Também aproveitamos a oportunidade para estabelecer contato com grupos de pesquisa para validação da nossa tecnologia por meio de estudos locais, porque as instituições de saúde querem se certificar se ela funciona na população daqui. Por isso vemos a validação de nossos resultados nessa população como uma estratégia fundamental para entrar nesse mercado”, afirmou.

Já o engenheiro eletricista Samarone Ruas, diretor da Techplus Automação, visitou empresas espanholas interessadas em parcerias para comercialização de um sistema de monitoramento on-line, baseado na combinação de sensores sem fio e inteligência artificial para monitorar máquinas continuamente e evitar paradas não programadas.

“Estabeleci contato com duas empresas que pretendem fazer parcerias comerciais e que poderiam fornecer alguns tipos de sensores especiais que podem melhorar a solução que desenvolvemos” disse Ruas.

“Meus principais objetivos durante esta missão foram estabelecer parcerias estratégicas com universidades, empresas locais e centros de pesquisa, além de poder compreender melhor os desafios e as particularidades do mercado europeu.”

Ambiente propício

O engenheiro de materiais Luis Henrique Guilherme, gerente de engenharia da ACW, em contrapartida, pretende não só estabelecer parcerias, como também abrir uma filial da empresa na Espanha para ampliar a comercialização do aparelho de inspeção que aumenta a vida útil de superfícies de aço inox usadas em indústrias – desenvolvido com apoio do PIPE-FAPESP (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/3401).

“No ano passado, abrimos uma filial da empresa no Canadá, onde começamos com uma pesquisa em cooperação com um grupo da McMaster University. Depois nos estabelecemos no parque de inovação da universidade como uma startup internacional e, em seguida, começamos a executar projetos com indústrias farmacêuticas”, disse Guilherme.

“Pretendemos replicar a mesma estratégia aqui na Europa e estamos considerando a Espanha porque há muitas indústrias farmacêuticas e de alimentos e bebidas no país e Madri é um ótimo ambiente para startups e empresas de tecnologia.”

Já o diretor-executivo e cofundador da KidopiMario Adolfi, considera a Espanha como potencial mercado para expandir a comercialização do assistente virtual, disponível no WhatsApp, que fornece informações e orientações para pacientes após a alta hospitalar desenvolvido por sua empresa, por se tratar da quarta maior economia da Europa e oferecer estabilidade para investimentos estratégicos.

“A solução que desenvolvemos com apoio do PIPE-FAPESP também está pronta para entrar nesse mercado porque já é multilíngue, operando em espanhol e inglês”, afirmou.

A Espanha está fortemente engajada em estimular a geração de empresas de base científica e tecnológica por meio do apoio ao investimento de capital de risco, sublinharam os representantes de agências de fomento do país em um painel sobre financiamento da pesquisa, inovação e colaboração entre universidades e empresas.

“Temos um programa de capital de risco [chamado Innverte] que este ano vai fornecer mais de US$ 1 bilhão para startups na Espanha. E estamos trabalhando em diferentes etapas, desde o começo, seguido pelo crescimento e o ganho de escala”, disse José Moisés Martín Carretero, diretor-geral do Centro para el Desarrollo Tecnológico y la Innovación del Reino de España (CDTI) – uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Ciência, Inovação e Universidades, que visa a melhoria e a elevação do nível tecnológico das empresas espanholas.

Em março deste ano, durante a visita do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, ao Brasil, a FAPESP e a instituição assinaram um memorando de entendimento em que se comprometeram a promover o desenvolvimento de projetos de pesquisa de interesse comum, no âmbito de um programa bilateral de cooperação tecnológica, chamado em princípio de “Programa de Inovação FAPESP-CDTI” (leia mais em: agencia.fapesp.br/51046).

Mais informações sobre a FAPESP Week Spain em: www.fapesp.br/week/2024/spain.