Pesquisas inovadoras podem gerar impactos sociais positivos

06 de outubro de 2020

André Julião | Pesquisa para Inovação – A pesquisa voltada para a inovação, além de resultar na criação de novas empresas que geram empregos e arrecadação para o Estado, pode trazer também benefícios sociais diretos e melhorar a qualidade de vida da população. Alguns desses exemplos foram apresentados durante o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, realizado on-line no dia 28/09. As empresas foram ou são financiadas pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação. O evento on-line é organizado pela FAPESP e pelo Instituto do Legislativo Paulista.

Criada há 16 anos com apoio do PIPE, a Tece desenvolveu uma nova versão de um instrumento de escrita manual para deficientes visuais. A reglete positiva, como é chamada, diminui em 60% o tempo de aprendizagem do sistema de escrita e leitura braille.

“Enquanto na reglete tradicional escreve-se ao contrário, para que a leitura seja no sentido correto, na reglete positiva escreve-se da mesma forma que se lê. Isso diminuiu inclusive o tempo de aprendizagem dos professores que têm de alfabetizar alunos com deficiência visual”, disse Aline Piccoli Otalara, fundadora da empresa, criada enquanto ela realizava doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/17250/).

No caso da Phelcom Tecnologies, a tecnologia desenvolvida com o apoio da Fundação democratiza o acesso a exames oftalmológicos.

Fundada em São Carlos, a empresa criou o Eyer, aparelho portátil ligado a um smartphone que faz imagens precisas da retina e da frente do olho, permitindo detectar doenças a um custo bem mais baixo do que os métodos convencionais. O Eyer tem ainda a vantagem de possibilitar o diagnóstico por telemedicina, a quilômetros de um médico oftalmologista. Atualmente, existem 250 milhões de pessoas no mundo com deficiência visual grave ou cegueira, sendo que 75% dos casos poderiam ser evitados, muitas vezes com exames simples.

“Em 2015 vimos que as câmeras de smartphones iam substituir as tradicionais. A ideia era que usando um smartphone pudessem ser realizados exames simples, em qualquer lugar e com qualidade que habilitasse diagnóstico remoto via telemedicina. Agora, estamos trazendo ainda inteligência artificial para fazer uma triagem automática”, disse José Augusto Stuchi, CEO da empresa (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/30646/).

A Hoobox, que já tinha desenvolvido a primeira cadeira de rodas guiada por movimentos faciais com o apoio da FAPESP, viu que a pandemia de COVID-19, o dólar alto e a pouca precisão dos equipamentos de detecção de temperatura eram uma nova oportunidade de uso da tecnologia.

Junto com a Radsquare, startup especializada em termografia, a Hoobox desenvolveu um sistema composto por uma câmera termográfica e algoritmos de reconhecimento facial que escaneiam o rosto e medem a temperatura de forma automatizada, evitando a possibilidade de contágio do vírus SARS-CoV-2. O totem está distribuído por vários prédios da capital paulista, além de locais em Belém e no Rio de Janeiro. Com a vantagem de ter apenas um componente importado, compete em pé de igualdade com grandes indústrias internacionais que produzem sistemas parecidos.

A empresa agora tem o apoio da FAPESP para desenvolver um sistema que será útil no período pós-pandemia. “Ao chegar a um prédio comercial para uma reunião, a pessoa faz um check-in pelo celular e quem o convidou autoriza a entrada, sem que seja preciso passar pela recepção. Com isso, as chances de contágio diminuem”, disse Paulo Gurgel Pinheiro, CEO da Hoobox.

Roberto Speicys, cofundador e sócio da Scipopulis, apresentou o software criado pela empresa que permite melhorar o planejamento das rotas de ônibus, além da fiscalização pelo poder público das empresas concessionárias. O projeto apoiado pela FAPESP permite, por exemplo, desviar de alagamentos e evitar prejuízos (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/32627/).

Maure Pessanha, da Artemísia Negócios Sociais, ressaltou a importância desse tipo de iniciativa e apresentou negócios apoiados pela organização, voltados para as populações mais pobres. Além disso, destacou o programa de incentivo a negócios sociais originados nas periferias.

“A parceria com o ILP permite mostrar à sociedade o que a FAPESP faz e como a pesquisa e a inovação do Estado de São Paulo estão se desenvolvendo de maneira a auxiliar a qualidade de vida e a economia paulista”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, no evento que foi aberto por Stanley Plácido da Rosa Silva, coordenador acadêmico do ILP.

Para assistir a íntegra da apresentação acesse: https://youtu.be/qywx1cyjMgA.