Com autonomia de 90 minutos, 7,5 kg e 2,1 m de envergadura, a aeronave remotamente pilotada Echar é utilizada para sobrevoar áreas agrícolas de até 10 mil hectares

XMobots projeta aumento superior a 60% no faturamento

23 de agosto de 2016

Empresa especializada no desenvolvimento e na fabricação de sistemas de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS, na sigla em inglês) para aplicações profissionais, a XMobots está finalizando o processo de certificação do Supi, seu primeiro modelo para sobrevoar áreas urbanas.

“Os entendimentos com o DCEA [Departamento de Controle do Espaço Aéreo] e com a Anac [Agência Nacional de Aviação Comercial] estão adiantados”, disse Giovani Amianti, CEO da empresa que desenvolve o projeto com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP.

“Estamos reivindicando voar em um espaço aéreo adaptado, que a aeronave é capaz de acessar sem depender do Notam ['Notice to Airmen', documento expedido pelo Aeronáutica com no mínimo sete dias de antecedência do voo programado]. A integração com o espaço aéreo, no caso, é realizada pelo controlador do voo, exigindo que a aeronave esteja equipada com uma série de sistemas e controles que possibilitem ao controlador ‘enxergá-la’”, explicou.

Criada em 2004 por um grupo de nove alunos de mestrado e doutorado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a XMobots cresceu incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), instalado na área do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) no campus da universidade. Em 2009, teve um primeiro projeto apoiado pelo PIPE para o desenvolvimento do Apoena.

O Apoena ficou pronto, mas era preciso “entrar no mercado”. Em 2010, a XMobots obteve recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, no ano seguinte, fechou o primeiro contrato comercial para o mapeamento e quantificação do desmatamento em torno da Usina Hidrelétrica de Jirau, em construção no rio Madeira, em Rondônia.

O Apoena realizou operações durante 18 meses e, com base nessa experiência, a empresa desenvolveu o Nauru 500A, que passou a substituir o primeiro em missões amazônicas. Em 2013, a XMobots obteve o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) da Anac para que o Nauru voasse em áreas segregadas. O novo modelo, Nauru 500B, tem autonomia de até 10 horas, massa de 25 kg e envergadura de 3,5 metros.

A XMobots emancipou-se do Ciatec em 2011, instalando-se em São Carlos. Na época, produzia uma aeronave a cada 3 meses com uma equipe de dez pessoas. A partir de 2012, softwares para mapeamento (aerotriangulação) em 3D abriram para os RPAS – também conhecidos como vants –  da empresa o mercado de topografia. De olho nessa oportunidade, a XMobots desenvolveu o Echar 20A, "o primeiro RPAS brasileiro completamente automático e o primeiro automático a obter Cave da Anac", sublinha Amianti.  

O Echar tem autonomia de 90 minutos, peso de 7,5 kg e 2,1 metros de envergadura. Em 2014, com a possibilidade de utilizar RPAS na agricultura de precisão, foi lançado o Arator, com apenas 3,2 kg e um projeto aeronáutico inovador. "O primeiro do mundo a utilizar sistema de pouso invertido, o que protege as câmeras da aeronave", conta Amianti. 

Com isso, a XMobots passou a ter um portfólio diversificado de produtos. O Nauru atende a demandas de clientes com áreas superiores a 10 mil hectares, O Echar é utilizado para áreas entre 1 mil e 10 mil hectares e o Arator cobre áreas abaixo de 1 mil hectares. “Com o uso de sensor multiespectral, é possível observar falhas no plantio, quantificar o número de plantas, identificar plantas invasoras e fazer correções”, disse Amianti.

Em 2015, do total de faturamento de R$ 5,4 milhões, 60% vieram da agricultura de precisão. Atualmente, os RPAS são operados por clientes, agrônomos, topógrafos ou engenheiros. “O equipamento é automático, não necessitando de habilidade do piloto. O Nauru 500B, por exemplo, decola com catapulta e pousa com paraquedas. Só precisa de operador", afirma Amianti. 

Em 2016, a XMobots lançou a versão C do Echar, alcançando uma autonomia de 2,5 horas, e um novo software de projeto de missão, o XPlanner. “Também estamos finalizando os testes de um helicóptero de voo autônomo para aplicações localizadas de defensivo em lavouras”, disse. 

Com 50 funcionários, a empresa prevê fechar o ano com um faturamento próximo a R$ 9 milhões. "A empresa já recebeu, entre 2010 e 2015, cerca de R$ 11 milhões em investimento para pesquisa e desenvolvimento de seus produtos de órgãos de fomento como a FAPESP, Finep e CNPq. Se considerado o retorno em impostos, em 2017 todo o valor investido na XMobots já terá retornado para a sociedade", disse Amianti.  

Empresa: XMobots
Sitewww.xmobots.com
Endereço: Rua Gelsomino Saia, 88 - Jardim Maracanã. CEP: 13.571-310 São Carlos - SP – Brasil
Telefone: (16) 3413-0655
Emailcontato@xmobots.com.br

Projetos apoiados pela FAPESP: www.bv.fapesp.br/pt/pesquisa/?sort=-data_inicio&q2=id_pesquisador_exact%3A76788


São Carlos é principal polo de empresas de base tecnológica, indica estudo

Um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, analisou a concentração de empresas inovadoras que utilizam tecnologias geradas por universidades e por elas próprias para garantir oportunidades de negócios no Estado de São Paulo.

Foram analisados 1.130 projetos do Programa PIPE da FAPESP distribuídos em 114 cidades, no período entre 1998 e 2014. Cinco delas se destacam: São Paulo, Campinas, São Carlos, São José dos Campos e Ribeirão Preto.

Em termos relativos, São Carlos é o destaque, com 199 projetos por grupo de 100 mil habitantes. Os resultados da pesquisa estão disponíveis em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/08/19/terrenos-ferteis-para-a-inovacao/?cat=politica.
 


 
FAPESP lança chamada de proposas para o 4º Ciclo de Análise de 2016 do PIPE

Estão reservados até R$ 15 milhões para atendimento às propostas selecionadas. O prazo final para submissão de projetos pelo SAGe termina no dia 31 de outubro de 2016.

As normas para submissão de propostas estão disponíveis em: fapesp.br/pipe/normas.

A chamada para o 4º ciclo de 2016 está publicada em: fapesp.br/pipe/chamada-4-2016.

Para atender os interessados em participar da chamada e resolver dúvidas, a FAPESP realizará no próximo dia 30 de setembro, das 9h às 12h, o evento Diálogo sobre Apoio à Pesquisa para Inovação na Pequena Empresa.

O evento é realizado em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi).