A Biologix procura desenvolver novos indicadores que também possam ser medidos por meio do sensor acoplado ao dedo do paciente (foto: Divulgação)

Sensor monitora níveis de oxigênio durante o sono

02 de julho de 2019

Eduardo Geraque  |  Pesquisa para Inovação – Após três décadas sofrendo com apneia e tendo de se submeter a várias polissonografias, o engenheiro eletrônico Tácito Mistrorigo de Almeida resolveu tirar do papel uma ideia inovadora. Depois de quatro anos de desenvolvimento, a Biologix lançou, com o apoio da FAPESP, um serviço inédito para o monitoramento das paradas respiratórias durante o sono.

Os conhecimentos de eletrônica do profissional de exatas se juntaram à formação médica de Geraldo Lorenzi Filho, especialista em medicina do sono, para a criação da empresa, que agora está pronta para comercializar sua inovação em grande escala. “Estamos com 200 assinaturas do nosso serviço vendidas”, diz Almeida.

O sócio médico é diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP). O serviço e o sensor passaram por todas as validações necessárias, explica o empresário paulista. Tanto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quanto da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro).

O serviço, segundo o empresário, é uma alternativa robusta à polissonografia, mas não substitui em 100% o procedimento mais antigo, que ainda é recomendado para vários casos.

A parte tecnológica, que engloba um algoritmo embutido no aplicativo, desenvolvido também pelo grupo de pesquisa, é instalada em um celular convencional. Durante a noite, os registros feitos via celular são armazenados na nuvem. O sistema também consegue identificar se o paciente estava realmente dormindo quando as medições dos níveis de oxigênio foram realizadas.

O equipamento desenvolvido é o sensor Oxistar, que fica preso no dedo do paciente, coletando dados enquanto a pessoa dorme em sua própria cama, sem necessidade de fazer essas medições num hospital. Durante toda a noite as concentrações de oxigênio são medidas e guardadas em nuvem, que armazena todos os dados que serão usados para gerar o relatório médico, sem a necessidade de utilizar nenhum tipo de fio.

O diagnóstico sobre a presença ou não de apneia se baseia na avaliação da oxigenação do sangue da pessoa investigada. Por isso, o sensor desenvolvido pela Biologix utiliza um oxímetro como principal instrumento de medição. Segundo Almeida, o aplicativo, também desenvolvido por sua empresa, registra o número de ocorrências de queda de oxigenação do sangue causada pela apneia e o número de vezes em que houve bloqueio das vias aéreas superiores por hora de descanso.

De acordo com a literatura médica, uma alteração de 3% nos níveis de oxigênio na corrente sanguínea já é caracterizada como apneia. Nos casos mais graves essa queda de oxigenação pode chegar a 10 vezes.

“Nos Estados Unidos, os dados mostram que 85% das pessoas que têm apneia não sabem que sofrem com o problema. É uma doença tratável, desde que diagnosticada corretamente”, diz Almeida. Segundo ele, a apneia pode estar relacionada com problemas no coração e até mesmo com a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais. 

O desenvolvimento do produto teve o apoio do Programa PIPE/PAPPE Subvenção, que reúne recursos dos programas Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Venda de serviço

“Conseguimos uma redução de custos importantes”, afirma Almeida. Enquanto uma polissonografia convencional custa por volta de R$ 2.500, o serviço oferecido por meio da inovação tecnológica pode ser comprado por 20% deste valor.

“O nosso foco é vender o serviço, que engloba o sensor, o aplicativo, o registro dos dados e a elaboração do próprio relatório médico”, diz Almeida. “Existem assinantes que têm mais de um sensor. Temos clientes em várias regiões do Brasil. São médicos e laboratórios principalmente.”

A equipe da Biologix procura agora desenvolver novos indicadores que também possam ser medidos por meio do sensor acoplado ao dedo do paciente. “A mais recente novidade é sonora: o nosso sistema também está gravando em áudio o ronco do paciente”, explica Almeida.

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